Depois de um mês de Novembro repleto de vitórias e todo ele jogado no Estádio do Restelo, José Taira, director desportivo do futebol do Belenenses, esteve à conversa com o site oficial do Clube olhando os últimos resultados e fazendo a antevisão do difícil ciclo que se disputa até ao Natal.
Estamos em primeiro lugar com nove vitórias em nove jogos. Até parece fácil, mas explica-nos como tem sido possível este início de campeonato vitorioso?
Fácil não é com toda a certeza. Temos sido rigorosos e isso tem sido, penso eu, o cunho desta equipa. Começámos este ano fortes, estamos também num ciclo de muita competência e creio que isto tem a ver com a maneira como programámos a época, como cuidámos dos vários detalhes, como cobrimos todas as posições e como vamos aproveitando o talento da nossa formação.
Acho que esta equipa do ponto de vista colectivo está mais forte e isso dá-nos alguma satisfação mas, por outro lado, também nos dá muita responsabilidade. O que fizemos nestes nove jogos revela uma capacidade grande de superação mas também sabemos que novos ciclos irão começar e que tudo se baseia no trabalho semanal, no jogo após jogo. É assim que temos de pensar para continuarmos dentro deste registo.
Em resultado deste ciclo vitorioso há chamadas constantes dos nossos jogadores à Selecção de Lisboa, como vês estas chamadas?
Vejo com bons olhos, logicamente, traz-nos satisfação porque é sinal de que no trabalho desempenhado pelo grupo normalmente há sempre alguém que tem um papel de destaque. Mas em questões individuais, algumas convocatórias também nos prejudicam um pouco porque se por um lado há satisfação, dado que esses atletas merecem ser premiados, por outro lado e do ponto de vista da organização e do nosso planeamento, isso retira-nos a possibilidade de trabalhar com esses atletas. E lembremos que não sendo profissionais e tendo quatro treinos por semana, vermo-nos privados desses atletas por um dia para nós representa tê-los apenas em três treinos semanais. Mas é algo que não podemos contrariar pelo que temos de dar os parabéns aos atletas e, sobretudo, parabenizar todo o grupo.
Depois deste mês de novembro vitorioso em casa, como vês este ciclo de três jogos que se seguem?
Depois deste mês de Novembro vejo um ciclo complicado e que o é por uma simples razão: são jogos com equipas que estão imediatamente abaixo de nós na tabela, jogos de confronto directo, dois deles fora e apenas um em casa num mês em que estamos um pouco privados do nosso espaço, estamos a treinar noutros campos, temos jogadores condicionados, jogadores que tiveram síndromes gripais e jogadores que fizeram um esforço brutal para conseguir, num jogo de 120 minutos, garantir a vitória e passar à próxima fase na Taça.
Por isso, estar neste momento a fazer dois jogos fora e não estarmos totalmente na nossa casa, não é fácil e há que enaltecer o trabalho dos atletas e agradecer o seu esforço suplementar porque importa relembrar que não vêm de casa para virem treinar, vêm dos seus trabalhos, da faculdade, tendo agora que se deslocar para outros sítios, chegando a casa mais tarde para acordarem depois cedíssimo. Ou seja, penso que vai ser um ciclo em que o apoio dos adeptos será fundamental, fora de casa o apoio da nossa massa humana vai ser fundamental, mas será um ciclo que pode ser extremamente importante para continuar o trabalho realizado ao longo do mês de Novembro. Pode ser crucial, mas lembrando sempre que nada se consegue se não houver uma empatia grande entre o apoio dos adeptos e a resposta dos jogadores em campo.
Quais as necessidades estruturais mais urgentes para melhorar as condições dadas à equipa de futebol?
Apesar de estarmos numa realidade Distrital a grande verdade é que o Belenenses é um grande do futebol português e tendo isso presente e a grandeza e nobreza do caminho que temos pela frente tentamos ter uma estrutura o mais similar possível às realidades profissionais. Por isso somos extremamente exigentes com tudo o que tem a ver com as condições que queremos proporcionar ao grupo de trabalho.
É evidente que gostaríamos de ter mais um campo para treinar mas não nos podemos queixar das condições que temos.
Temos uma vantagem competitiva muito grande que é o facto de darmos uma enorme importância à nossa formação, cujo departamento tem feito um trabalho magnífico e que nós dá uma excelente base para o nosso trabalho.
Para terminar, temos planeado algum jogo nas Salésias esta época?
Não, de momento não temos planeado nada para as Salésias. No ano passado conseguimos fazer isso, tirar partido de toda a simbologia daquele espaço e de tudo aquilo que ele representa para o clube mas, como devem calcular, jogar nas Salésias para uma equipa que tem grande parte dos momentos do jogo em processo ofensivo num espaço mais pequeno favorece normalmente quem defende. De qualquer modo não podemos garantir isso com grande antecedência, temos de ser cautelosos com o que planeamos, olhar sempre ao porquê de cada momento e conseguir dar a resposta adequada. Ou seja, se de momento não está planeado também não vou garantir que é impossível que isso se venha a repetir.