Caros amigos, sócios e adeptos do Clube de Futebol “Os Belenenses”,

Seguindo uma tradição de proximidade e transparência que vem desde 2014, chegou a hora de mais uma vez desejar a todos que amam o Belenenses um ano de 2025 repleto de alegrias.

O ano de 2024 fica para trás, e com ele momentos inesquecíveis e muito importantes na vida do nosso Belenenses.

Desde logo em 2024 completei, com muita honra, 10 anos de presidência do nosso querido Clube. São 4 mandatos consecutivos, acompanhado por muitos companheiros fantásticos e dedicados, um recorde de permanência em funções, uma década que permitiu ao Clube ter estabilidade governativa, um fator absolutamente fundamental para que se tivessem conseguido atingir os resultados que foram alcançados.

Agradeço muito a todos os sócios que ao longo de 4 diferentes eleições depositaram a sua confiança em mim e nos que me acompanharam. A gratidão é eterna.

Dez anos, um número redondo que permite fazer balanços.

Para além da espuma e das perceções, os factos dizem-nos que em termos económicos, patrimoniais e desportivos hoje o Clube é muito mais forte do que era em 2014. É esse o legado que ficará para o futuro e que um dia será avaliado pelos historiadores azuis.

Hoje é factualmente irrefutável que temos um Clube muito mais equilibrado e saudável do que aquele que recebemos no longínquo mês de outubro de 2014. Recebemos um Clube em agonia e sufocado e hoje temos um Clube saneado, com fundações mais fortes para projetar o futuro.

Do ponto de vista da situação económico-financeira partimos em outubro de 2014 de um passivo total de 14,7 milhões; de um valor de remunerações não pagas e em atraso aos funcionários de 1.222.905€; de uma dívida vencida e não paga à Autoridade Tributária e à Segurança Social de 786.014€; tínhamos centenas de credores no PER a quem tínhamos que pagar mais de 2 milhões de euros, para além da dívida ao BANIF que era credor de 5.150.000€ acrescidos de juros desde 2007.

O nosso Complexo Desportivo do Restelo estava debaixo de fogo e sob ataque cerrado de várias entidades, tendo chegado a estar em hasta-pública na plataforma e-leilões para gáudio de muitos.

Foi este o Clube que recebemos das mãos da direção que nos precedeu.

Temos que admitir que naquela fase o Belenenses quase acabou. Privado de identidade, com contas que não conseguia pagar, quase a perder o seu património imobiliário, sem autoridade sobre o seu bem mais precioso – a equipa de futebol sénior – é, para quem vê de fora, um milagre que chegados a 2025 aqui estejamos, mantendo-nos como uma força viva de um dos maiores do desporto em Portugal.

Hoje, na entrada de 2025 é com renovado orgulho que afirmamos que nada devemos à Autoridade Tributária e à Segurança Social; que nada devemos a funcionários; que no PER falta pagar apenas a 3 credores um valor absolutamente residual; que o problema do BANIF há muito ficou resolvido, que temos o nosso património imobiliário salvo e blindado, sem penhoras, sem hipotecas, sem arrestos, livre de encargos.

Em outubro de 2014 como é sabido também tínhamos já perdido a maioria do capital da nossa SAD, que tinha um passivo significativo e onde os novos “donos” não valorizavam a história, a identidade e os valores do Clube, para além de ignorarem e desrespeitarem por completo a massa associativa e os diferentes dirigentes eleitos pelos sócios. Em suma, em 2014 por total incúria da direção que nos precedeu, também já não tínhamos, desde 2012, uma equipa de futebol que nos representasse.

Hoje temos uma equipa de futebol nossa e sobre a qual podemos rir, chorar, opinar, criticar ou aplaudir. Hoje, para o bem e para o mal, sentimos que é o nosso Belenenses que está em campo. Temos uma nova sociedade desportiva, sem dívidas, equilibrada, a preparar-se para os desafios do futuro, com um valor de mercado que se estima em vários milhões de euros. Um valor criado por nós e que fica para as gerações vindouras, assim saibamos continuar a fazer uma gestão responsável e sem ceder a pressões externas ou cometer loucuras.

Neste processo éramos nós contra o Resto do Mundo e vencemos. Isto é o Belenenses!

O que nos trouxe o ano de 2024

O ano de 2024 foi um ano que ficou marcado por mais um conjunto de acontecimentos com simbolismo no nosso Clube, e que gostava de deixar aqui expressos para memória futura.

Ao nível institucional, social e patrimonial, destaco:

  • a inauguração do supermercado Lidl, no mês de abril;
  • a inauguração do novo posto de combustível da REPSOL, no mês de julho;
  • a inauguração da 1ª fase da British School of Lisbon, colégio, no mês de setembro;
  • o aumento de número de sócios em 5,4% (temos que continuar a trabalhar para encontrar fórmulas para termos melhores resultados nesta matéria) agora para um total de 10771 associados;
  • o acordo com a antiga B SAD no sentido de cessarem todos os processos judiciais ainda a correr trâmites nos diferentes tribunais e fazer terminar definitivamente quaisquer relações entre as duas entidades. Acordo em que a BSAD declarou que não tem qualquer direito de titularidade, de uso ou qualquer outro sobre o nome, as marcas, os símbolos, o hino, o lema, a história e qualquer outro elemento figurativo (Cruz de Cristo) ou nominativo (Belenenses, CFB ou Belém) do património material ou imaterial. Da mesma forma, ficou definido que o palmarés das equipas que atuavam sob a BSAD entre 12/12/2002 e 30/06/2018 pertencem ao Belenenses, por terem jogado no Estádio do Restelo, em Lisboa, apresentando-se como sendo o Clube e com a Cruz de Cristo ao peito.

 

Em síntese, tivemos uma vitória em toda a linha conseguindo-se recuperar o futebol profissional para a esfera do Clube e criando-se uma nova sociedade desportiva. Terminámos assim um caminho que se traduziu numa demonstração de força e capacidade de resistência do movimento associativo numa luta única na história do desporto mundial.

Ao nível desportivo destaco, pela negativa:

  • a tristeza profunda que foi para toda a família azul a descida do nosso futebol, de novo à Liga 3. As razões são conhecidas, a luta era desigual e muito difícil, mas tínhamos obrigação de ter produzido mais e melhor.
  • a descida do Futsal à Liga 2 por razões, de resto, muito semelhantes ao acontecido no futebol.

 

e pela positiva:

  • o facto de que temos um total de 2522 atletas divididos por Andebol (132); Atletismo (243); Basquetebol (250); Futebol equipas A e B (60); Futebol de Formação (174); Futebol Infantil competição (206); Escola de Futebol (416); Futsal (119); Natação (229); Rugby (440); Triatlo (29) e Voleibol (224) o que nos torna num dos maiores clubes portugueses ao nível do número de praticantes desportivos;
  • subida de divisão da equipa B de futebol sénior;
  • equipas principais do futebol de formação (sub 19, sub 17 e sub 15) classificadas respetivamente em 9º, 8º e 5º lugar a nível nacional;
  • vencedores da Taça Nacional de Sub 19, em Futsal;
  • Campeões Nacionais de Rugby, em jogo disputado no Estádio do Restelo e posterior conquista da Supertaça;
  • subida da equipa Sénior feminina de Basquetebol ao CN1;
  • presença na Final Four da Taça de Portugal em Andebol;
  • vários títulos individuais e coletivos no Atletismo;
  • manutenção das nossas equipas feminina e masculina de Natação na 1ª divisão nacional;

Olhemos para 2025

Olhemos agora em frente para o ano de 2025 que vai ser mais um ano importante para o Belenenses.

Um ano em que seguiremos com o nosso ecletismo, o Belenenses é, sempre foi e será um Clube eclético, com muita paixão pelas modalidades, um Clube onde não se pode falar do peso das modalidades sem referir tudo o que de positivo nos trazem, mas seguramente teremos de olhar para elas em moldes diferentes dos últimos anos, onde a autossustentabilidade terá que passar a ser a pedra de toque, continuando-se a ser o mais competitivos possível.

Um ano em que vamos lutar até à última gota de suor para cumprirmos todos os objetivos coletivos e individuais que nos propusemos nas diferentes modalidades.

No futebol, todos queremos ver o Belenenses na 1ª Liga o mais cedo possível. Mas não a qualquer preço. Queremos lá chegar senhores do nosso destino e da nossa equipa, sem dívidas, sem hipotecar o futuro, sem voltar a colocar a nossa sociedade desportiva – a SDUQ/SAD – numa posição de estado de necessidade.

Temos todos a obrigação de não permitirmos um regresso aos tempos que nos conduziram a que estejamos ainda hoje a pagar as irresponsabilidades do passado, os gastos excessivos e a loucura desenfreada de cada vez que a bola não entrou.

Tenho o dever de alertar todos os Belenenses de que temos de estar atentos para que ninguém tente vir fazer com que o Clube caia de novo nos mesmos erros do passado.

Sabemos qual o caminho a seguir para chegar de novo à 1ª Liga, donos da nossa equipa e do nosso Clube, mas terá de haver paciência, caso contrário no máximo em dois/três anos venderemos tudo outra vez (a qualquer preço e sem escrutínio) e andaremos de novo, de dono em dono, até a uma nova Revolução que, com a legislação agora existente, já não poderá ter o Clube de Futebol “Os Belenenses” como vencedor.

Espero sinceramente que a ansiedade e a falta de paciência que por vezes se parece apoderar de alguns sócios, não volte a atirar o Clube para o abismo porque isso seria tremendamente inglório para todos os que acreditaram neste caminho único e digno que estamos a fazer e na tremenda recuperação financeira que fomos fazendo nestes anos.

Temos de salvaguardar o que é nosso ao mesmo tempo que fazemos o caminho certo para chegar ao nosso lugar.

A direção do Clube tem sempre coisas muito urgentes a resolver, mas ao mesmo tempo tem de conseguir implementar as transformações estratégicas e estruturais que nos permitam atingir o nosso objetivo máximo: chegar o mais rápido possível ao patamar mais alto do futebol português.

Temos vindo a envolver vários parceiros no futuro do nosso Clube e temos conseguido resultados. Os frutos não são imediatos, mas há que semear para colher. É o que temos vindo a fazer.

Devo confessar-vos que as minhas direções anteriores, nomeadamente entre os anos de 2018 e 2023, foram muito beneficiadas por um ambiente de forte unidade no Clube, todos unidos contra um inimigo externo, que dava luta, que nos queria aniquilar e que tinha armas para causar-nos dano.

Essa unidade foi fundamental para vencermos o inimigo comum e para conseguirmos 5 subidas de divisão consecutivas. Foram tempos fantásticos, com todos a remar para o mesmo lado.

Assim que passou o perigo (ameaça da B SAD, dos tribunais e das instâncias do futebol) e principalmente ao primeiro desaire do nosso futebol (a descida à Liga 3) a unidade abanou e alguns (felizmente, poucos) querem voltar ao Belenenses autofágico e muitas vezes autodestrutivo do antigamente que quase acabou com a nossa instituição.
Frequentemente muitos sócios dizem-me “o Belenenses nunca precisou de inimigos pois eles sempre estiverem dentro do próprio Clube”. Da minha parte, nunca quis acreditar nessa velha máxima e nunca tive razão de queixas, antes pelo contrário, sempre senti e continuo a sentir um forte apoio da massa associativa que me dão a mim e às minhas direções uma força extra que potencia muito as nossas ações.

No Clube temos que viver com todos os Belenenses porque sempre fomos um Clube tolerante, democrático e inclusivo. Todos têm direito a ter opinião, mesmo os que estiveram na direção do Clube e conduziram o Clube para o precipício e os poucos que foram apoiar a BSAD para o Jamor em 2018 e agora voltaram. Faz parte da nossa cultura. Mas é bom que todos os sócios, principalmente os que têm aspirações de servir o Clube no futuro, compreendam que quanto melhor correrem as coisas à atual direção (desde logo com a equipa de futebol), melhor será para todos no futuro, incluindo naturalmente para eles próprios.

Hoje é preciso continuar a agarrar o Clube e seguir um caminho firme, sem loucuras. É isso que podem esperar da minha direção.

Vamos continuar a trabalhar, enquanto houver estrada para percorrer, na concretização de parcerias desportivas estratégicas, como o fizemos recentemente no Brasil e faremos com clubes e agentes de outras latitudes, com a certeza de que existem parceiros respeitáveis, que nos podem aportar valor.

Não procuramos mecenas, nem quem injete dinheiro, ou diga que vai injetar. Não é apenas de dinheiro que precisamos. Apenas dinheiro, sem um projeto claro, sem garantias reais, sem uma gestão criteriosa na linha daquela que tem sido feita nos últimos 10 anos que levou à salvação do património imobiliário do Clube e a que o Clube voltasse a ser credível no giro comercial e na sociedade portuguesa em geral, não chegará para cumprir os nossos objetivos de um Clube forte, ganhador e sustentável.

Seguimos sim na procura de valências complementares às nossas e de capital credível e escrutinado, que se queira associar ao Clube, com gente que saiba respeitar sempre a condição essencial e inegociável de que o Clube de Futebol “Os Belenenses” continuará sempre a deter a maioria e o controlo do seu futebol. É possível e lá chegaremos.

Em 2024/25 a meta para o nosso futebol é a que todos sabem: regressarmos aos campeonatos profissionais com uma maior capacidade financeira do que aquela que tivemos em 23/24. No que depender de nós não deixaremos nada por fazer para que tal objetivo seja alcançado.

Para isso temos um mês de janeiro de 2025 com jogos decisivos. Temos de garantir o acesso à fase de subida e para isso peço aos sócios que apoiem a equipa com a garantia de que a mesma vai lutar em todos os jogos até ao último lance, que vamos alterar o que houver para alterar em termos de plantel agora na janela de janeiro (sempre dentro das nossas capacidades financeiras) para depois no próximo mês de maio podermos estar todos a festejar a tão desejada subida de divisão.

Nos outros planos que não desportivos, em 2025, temos como prioritário o desenvolvimento do plano da ação da requalificação do Complexo do Restelo que nos vai permitir crescer sustentadamente, com objetivos claros e capazes de unir a massa associativa independentemente da Direção que a cada momento sirva o Clube. Para isso, estamos já a trabalhar afincadamente num novo PIP, juntamente com o Executivo da CML, que possa viabilizar a conclusão das restantes parcelas do Restelo em especial aquelas que conduzirão a novas infraestruturas desportiva.

Temos de continuar ligados e atentos ao processo da Licença de jogo da sala de Bingo e a todas as suas derivadas, positivas e negativas, nomeadamente as que dizem respeito à sala de jogo e à ação judicial que opõe a Falmacon ao Belenenses e à Belbingo, que conhecerá desenvolvimentos nos próximos anos.

Em 2025 concluiremos a expansão da UPAC da cobertura do Estádio, em parceria com a Greenvolt, (que estava prevista para o final de 2024) uma 2ª fase do projeto que nos permitirá sermos o primeiro Clube em Portugal totalmente independente da rede elétrica nacional, consumindo a totalidade da nossa energia com origem em energias renováveis. Um rótulo fabuloso que certamente teremos muito orgulho em ostentar e que nos garantirá um posicionamento único no desporto português.

Apresentaremos também já durante o mês de janeiro um novo site oficial, mais moderno, renovado, virado para o futuro.

Para terminar quero deixar aqui um desejo que sei ser partilhado por todos os Belenenses: espero continuar a ver durante o ano de 2025, em todos os jogos, dois vultos da nossa história coletiva que raramente falham um jogo no Restelo: Vicente Lucas e Humberto Azevedo.

Deixar um forte lamento pelo desaparecimento de figuras do Universo Belenenses que conheci e que me habituei a respeitar e das quais destaco o senhor Manuel Andrade, o jovem técnico Diogo Mouga e a nossa associada muito querida e amiga, a Senhora D. Dalila Barata. Paz à alma de todos eles.

E deixar cumprimentos e um reconhecimento muito especial aos nossos dirigentes, das várias modalidades e do futebol de formação, pelo seu trabalho incansável e invisível em prol do Clube, cada um deles um elemento central da nossa identidade única e elemento indispensável para a defesa da nossa mística azul,

também aos nossos funcionários administrativos e da manutenção por serem sempre os primeiros defensores da nossa instituição,

aos meus queridos companheiros dos Órgãos Sociais, voluntários, dignos, empenhados, que se têm constituído como o último reduto do Belenenses,

aos nossos main sponsors/patrocinadores, European Recycling Plataform, Novo Verde “Recicle”, Hospital da Luz, Repsol, BP/Iberdrola, Greenvolt, Sada Motors, Energia Unida, Kuboo, GAP, Climacer, Remax Yes, AIFE, BIQ, Izidoro, New Balance e aos nossos sponsors, Greenlab, Matateu Petisqueira, Lyca Mobile, Parmalat, Joaquim Chaves Saúde e Mitsubishi Motors. Muito obrigado por acreditarem no Belenenses!

A todos vós, sócios e adeptos, e às vossas famílias e amigos, desejo um excelente ano de 2025, com muita saúde, e que traga aquilo que mais ambicionam a nível pessoal, profissional e desportivo.

Vemo-nos já no próximo dia 5 de Janeiro, às 15h, em Tábua, na visita ao Oliveira do Hospital, em mais um importante desafio da Liga 3.

Com uma saudação amiga e azul,

Patrick Morais de Carvalho

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