Os sócios do Clube de Futebol «Os Belenenses» reunidos em Assembleia Geral deliberaram esta sexta-feira a aprovação do orçamento para a temporada 2020/21 e a venda dos 10 por cento de acções que o clube detinha na SAD.

Na primeira reunião magna após o confinamento provocado pelo novo coronavírus, todas as boas práticas de distanciamento social foram cumpridas e perante uma plateia de mais de centena e meia de associados, o primeiro ponto da ordem de trabalhos acabou com a aprovação do orçamento com 155 votos a favor, 5 abstenções e nenhum voto contra.

Seguiu-se o ponto de situação da dívida do Clube ao Banif/Oitante, tendo a Direcção explicado aos associados presentes que a mesma se encontra integralmente paga e que o Banif/Oitante já não são credores do clube. Tal foi possível, recorde-se, devido ao acordo para exploração, pelo Lidl, de um espaço comercial nas instalações do clube durante 50 anos. Relativamente a este processo, informou ainda a Direcção que falta apenas luz verde da Câmara ao projeto do novo posto de combustível da Repsol – que terá de mudar de local – o que, espera-se, poderá ser concedido a qualquer momento

No terceiro e último ponto da reunião de sócios, foram dadas explicações sobre o processo iniciado em 2018 de separação entre o Clube de Futebol «Os Belenenses» e a SAD maioritariamente detida pela Codecity Sports Management. Após ter consultado a Professora Maria de Fátima Ribeiro, maior especialista em Portugal na matéria, e tendo validado a legalidade da venda, bem como subsequente participação do clube nas competições profissionais, apresentou a Direcção à AG uma proposta de 1.000 euros do Dr. Ricardo Sá Fernandes, consagrado advogado e apoiante da causa belenense, para adquirir os 10%.

A proposta de venda das acções foi aprovada pela Assembleia Geral com 143 votos a favor (97,3 %), 1 abstenção (0,7%) e 3 votos contra (2%).

No final da reunião, o presidente do Belenenses, Patrick Morais de Carvalho, salientou a importância das decisões tomadas:

– “Hoje os sócios do Belenenses deram mais uma prova inequívoca de que o caminho que querem para o clube é um caminho de refundação, assumindo erros cometidos no passado e com eles aprendendo para que o futuro seja azul do céu, como cantava o nosso amigo e consócio, o poeta Pedro Barroso. Com a venda dos 10 por cento que o clube ainda detinha naquela sociedade desportiva, todo e qualquer vínculo fica quebrado e será no Restelo, pela voz dos sócios, sob a égide dos nossos fundadores, que vamos reconstruir o Belenenses. Esta hora é de união. Sempre dissemos e compreendemos que belenenses apaixonados se sentissem divididos entre o amor ao clube e o amor à equipa da SAD. A esses, dizemos o que sempre dissemos, que o clube conta com todos e de todos precisa. O tempo não é de divisão, é, sim, de união. A união de todos os belenenses em torno do Belenenses, que é a única coisa que importa.
À SAD desejamos apenas que siga o seu caminho, em paz, e sem querer continuar a confundir-se com o Belenenses. Os sócios hoje formalizaram a separação definitiva e não há mais pontos de contacto possíveis. A SAD que joga no Jamor, agora na Cidade do Futebol, é a partir deste momento uma SAD de raíz, sem clube fundador a deter direito de veto sobre as suas decisões. Que aproveite esta liberdade para encontrar uma identidade marcária que não se confunda mais com este clube centenário. E que todos os confrontos que possamos vir a ter sejam dentro de um relvado de futebol, com 11 valorosos atletas de cada lado”
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