“Os processos estruturantes para o futuro do Clube serão resolvidos”

Quais são os processos de que falava e em que a Direcção se encontra a trabalhar?
São processos de complexidade elevada mas que são determinantes para se poder garantir a sustentabilidade do Clube, sendo certo que eu e a minha Direcção estamos convencidos de que estamos a fazer um trabalho que vai deixar marcas muito positivas e que vai aproveitar às futuras gerações de belenenses. Falo-lhe, entre outros, dos dossiers Bingo, Banif, PIP e Requalificação do Complexo Desportivo do Restelo, Relações Institucionais com a Autarquia, Auditoria Financeira, Salésias, Blue Box e outros que, pela sua inovação e complexidade, têm que ser tratados com dever de reserva por parte dos representantes do clube, sob pena do Belenenses poder ser prejudicado se as coisas forem feitas de outra maneira.

“O Bingo do Belenenses é uma marca com história no jogo em Portugal e tudo faremos para o salvar”

Atento esse dever de reserva, o que pode dizer aos sócios nesta altura sobre esses processos, começando pelo Bingo?
Relativamente ao Dossier Bingo, importa lembrar que quando chegámos ao Clube em 1 de Novembro de 2014 a possibilidade do Clube manter a nossa Sala de Bingo da Avenida João Crisóstomo estava quase irremediavelmente perdida, pelas razões que foram amplamente divulgadas aos sócios na Assembleia Geral realizada no dia 18 de Março de 2015.
Informámos nessa Assembleia Geral que o Clube deixou de receber o valor de 1.125.000€ por decisão unilateral da anterior direcção do Clube, sem que a isso estivesse obrigada, e que essa era uma decisão que a nossa direcção não conseguia e não consegue, ainda hoje, compreender.
Informámos que o Clube aceitou pagar uma renda global ao longo dos cinco anos do Contrato de Arrendamento de 810.000€ quando, na realidade, só estava obrigado a pagar o valor máximo de 718.200€, ou seja, por razões difíceis de compreender, o Clube foi lesado com essa decisão no valor de 91.800€.
Informámos que o contrato de arrendamento da sala estava ferido de morte a partir de 2019 e que era praticamente impossível para o Clube reverter essa situação, altamente lesiva dos nossos interesses.
Informámos que o Clube continua a pagar mensalmente, através de desconto na mensalidade recebida da Binganimus, até Março de 2016, o valor de 12.500€/mês referente ao pagamento dos 600.000€ emprestados pela Casa da Sorte às anteriores Direcções.
E informámos que a licença de jogo do Belenenses teria que ser renovada em Março de 2016 mas que na altura ainda se desconhecia a legislação que iria entrar em vigor, não se conhecendo o processo segundo o qual as licenças iriam ser ou não renovadas.
Quando chegámos, era esta o ponto de situação e repito-o aqui para que todos se lembrem do ponto de partida.

E entretanto que desenvolvimentos houve neste dossier?
Solicitei numa fase inicial a colaboração de um sócio do clube com experiência e conhecimento sobre este “dossier”, e que me deu um contributo muito importante e generoso passando-me algumas informações importantes sobre o passado da nossa concessão. Posteriormente, temos reunido com vários intervenientes do jogo do Bingo em Portugal e no estrangeiro, e temos reunido com a Inspecção Geral de Jogos, sendo certo que o Clube está a ser assessorado por uma sociedade de advogados especializada nesta temática.
Como se sabe, a legislação foi alterada e, actualmente, a lei não prevê a possibilidade de prorrogação das licenças de concessão em vigor, nem mesmo quando requeridas com uma antecedência de 180 dias face à data do seu termo, como se previa na anterior versão legislativa, prescrevendo-se agora a obrigatoriedade de concurso público aquando do termo de qualquer concessão.
No entanto, esta situação é demasiado injusta e penalizadora para os actuais concessionários que, aquando da obtenção da licença, contavam com essa possibilidade legal de prorrogação, tendo mesmo, com base nesse pressuposto, estruturado todo o seu investimento na sala de jogo do bingo. De qualquer modo, é esta a solução legal actual e é com ela que temos que trabalhar.

Qual a solução que preconiza para este assunto?
Estamos a trabalhar no processo juntamente com o Turismo de Portugal e vamos ver como será possível, atenta a lei, encontrar-se uma solução justa e equilibrada.

Tem portanto esperanças de que o Belenenses possa inverter o actual cenário?
Não se trata de ter esperança ou de não ter, o que digo é que ao contrário do cenário que encontramos em Novembro de 2014, hoje posso afirmar que estão vários cenários em aberto relativamente ao nosso Bingo e que sinto que a marca Bingo Belenenses é uma marca histórica do jogo em Portugal, o que garante alguma força negocial ao Clube, ao ponto de hoje pensarmos que possa ser possível encontrar um caminho que sirva os superiores interesses do Clube nesta matéria.
Para terminar, gostaria de dizer que embora não possa dar garantias absolutas de sucesso desta operação, considero que hoje o cenário é ligeiramente mais favorável para o Clube do que era quando chegámos, até porque quando chegámos as perspectivas estavam reduzidas a zero.

“É preciso sensibilizar o Banif ao mais alto nível para se acomodarem às necessidades de tesouraria do Clube”

E a questão com o BANIF?
Gostaria de começar por dizer que o Belenenses tem um grande respeito pelo BANIF em virtude de se tratar do nosso maior credor, mas que esse respeito será sempre proporcional ao respeito que o BANIF revelar pelo Belenenses. Este é um ponto importante. O que se passa é que, no âmbito da negociação do nosso PER, o Clube não só consignou ao Banco as suas duas principais fontes de receita – naquilo que se constata ser um claro excesso de garantias a favor do Banco – como rubricou ainda um Contrato de Publicidade inexequível e altamente lesivo dos interesses do Clube. Ou seja, as condições contratadas não são possíveis de ser acomodadas pela nossa tesouraria. Temos mantido uma série de reuniões com os mais altos representantes da instituição bancária no sentido de se poder inverter este processo destrutivo para o Belenenses, e esperamos chegar a um novo acordo. Acreditamos no bom senso do Presidente e da Administração do BANIF, no sentido de que seja possível acomodarem-se os interesses de ambas as instituições. Nesta fase, só nos resta confiar no valor das nossas propostas e que as mesmas possam merecer um acolhimento positivo. Estamos, portanto, perante dois cenários possíveis: ou o BANIF e o Clube se entendem rapidamente e chegamos a um acordo que satisfaça ambas as partes, ou o BANIF ficará com mais um problema “bicudo” para resolver.

“Confio muito no actual executivo da CML, que sei estar sensibilizado para o facto do Belenenses ser uma das maiores Instituições desportivas da Cidade”

E sobre o Projecto de Requalificação do Complexo Desportivo do Restelo?
Trata-se do processo mais importante e estruturante da vida do clube, pois é nele que reside a possibilidade do Belenenses garantir a sua sustentabilidade e independência desportiva e financeira. Queremos que o Complexo do Restelo seja o maior e melhor pólo desportivo e de lazer da cidade de Lisboa, que seja um pólo de grande atracção para todos os belenenses e para todas as famílias do município de Lisboa e dos municípios limítrofes. Eu e o meu colega de Direcção Óscar Machado Rodrigues temos trabalhado arduamente com a CML no sentido da Requalificação do Complexo Desportivo do Restelo poder ser uma realidade a breve prazo, e para isso pretendemos obter um P.I.P. que nos permitirá iniciar o processo global de requalificação do complexo.
O resto do caminho já todos os sócios conhecem: a ideia de fundo é ser o Clube o dono do Projecto não aceitando hipotecar o seu património a favor de terceiros. Com este processo os terrenos do Belenenses, que tanta água fizeram correr nas últimas décadas, ficarão de uma vez por todas blindados à especulação imobiliária naquele que será um momento único na vida da nossa Instituição.
O Clube está a fazer o seu caminho, sendo certo que uma vez garantida a aprovação do P.I.P. privilegiaremos a figura do Concurso Público para edificação das várias parcelas aprovadas. Repito aquilo que sempre disse, mesmo durante a última campanha eleitoral, que esses processos, connosco, serão sempre comandados pelo Clube e que só aceitaremos investidores que tenham, ou capitais próprios, ou a capacidade de se financiar com garantias colaterais que nada tenham a ver com o património do Belenenses porque esse, para nós, é sagrado e intocável.

“Sobre a Auditoria Financeira em curso quero repetir o que sempre disse: só podemos projectar o futuro depois de definir com rigor o nosso ponto de partida”

Uma das suas promessas eleitorais era a de fazerem uma Auditoria Financeira às contas do Clube. Já foi anunciada, quando estará concluída?
Antes de mais dizer-lhe que não se trata apenas de uma promessa eleitoral mas sim de uma obrigação que decorre dos Estatutos do clube. Sempre disse que sem conhecermos o nosso passado e definirmos um ponto de partida rigoroso não seria possível projectarmos o futuro, por isso e não obstante todas as dificuldades financeiras que o Clube atravessa, resolvemos cumprir com o que estatutariamente está definido e que, de resto e como diz, tínhamos prometido, assumido e divulgado aos Sócios: avançar com uma Auditoria Financeira ao Clube e à sua participada Beleminvest, SGPS.
Escolhemos a “Ernst & Young Audit & Associados – SROC, S.A.” que é, como se sabe, uma empresa de renome nacional e internacional na actividade de auditoria e consultadoria visto ter sido aquela que apresentou a melhor proposta no âmbito dos diversos critérios de selecção, oferecendo ao universo Belenenses toda a credibilidade e isenção que este trabalho exige.
Os trabalhos já arrancaram e estão a incidir, como disse, sobre os movimentos financeiros do Clube e da Beleminvest, SGPS, bem como sobre os principais contratos existentes entre o Clube e outras entidades. Para que se perceba melhor, interessa-nos, por exemplo, analisar o processo de cedência da exploração do Bingo e contratos que posteriormente foram realizados, interessa-nos analisar e identificar deficiências de controlo interno e fazer a análise e catalogação de transacções.
Quero também dizer que, em paralelo, este trabalho servirá também para se criar um “Manual de regras, procedimentos e boas práticas” que deverá servir de base para o trabalho de todas as Direcções que gerirem futuramente os destinos do nosso Clube.
Logo que este trabalho esteja concluído e o respectivo relatório elaborado e entregue ao Clube, as conclusões sobre o mesmo serão, obviamente, divulgadas aos Sócios do C.F.B. em Assembleia Geral.

“Garantimos o naming e apoio da Fundação EDP, o complexo vai chamar-se Salésias Belenenses / Fundação EDP”

As Salésias são um tema recuperado por si durante a campanha eleitoral e uma aspiração de todos os belenenses há mais de 60 anos. Sente que estava em falta com os sócios por não ter lançado as obras mais cedo?
Por razões óbvias, ninguém mais do que eu queria colocar a primeira pedra nas Salésias. A confiança entre uma Direcção e a massa associativa, entre um Presidente e os sócios, constrói-se passo a passo e eu não desconhecia que concretizar as Salésias era um passo de gigante no consolidar dessa confiança. A solução pensada para o recinto desde a primeira hora foi amadurecida e, no jantar do aniversário do clube, pude anunciar que íamos arrancar com a obra no dia 27. A recuperação das Salésias contempla duas fases, a primeira que está cumprida e que passava por serem assinados os contratos que nos permitissem tomar posse e assegurar a gestão do terreno; e a segunda, que passa por adequar o mítico campo das Salésias à prática desportiva do Belenenses, a fase que vai começar agora a ganhar corpo. A esta obra, pelo seu simbolismo desportivo e pelo impacto que terá em toda a sua zona envolvente e na própria cidade de Lisboa, só podia estar associada uma referência empresarial de primeira grandeza nacional e foi nesses apoios que estivemos estes meses a trabalhar, de forma sigilosa, no sentido de, ao lado do Belenenses, aparecer nas Salésias uma das maiores empresas portugueses. E, por isso, é com enorme honra e prazer que posso anunciar que o parceiro encontrado foi a Fundação EDP e, para nós, associarmos o nome das Salésias e do Belenenses ao Grupo EDP constitui uma honra enorme. Agora é trabalhar no duro para que as Salésias possam ser inauguradas o mais rapidamente possível, pois no dia em que as Salésias forem inauguradas sinto que entraremos definitivamente no coração de todos os belenenses que amam o seu clube e grande parte da nossa auto-estima e mística serão recuperadas.

“Com a BlueBox vamos unir toda a Família Azul e fazer regressar muitos sócios que estão afastados do Clube”

A mesma pergunta para o novo cartão de sócio, foi já feita a apresentação oficial. Está satisfeito?
O nosso primeiro compromisso na candidatura era a união de todos os sectores do clube e falei “num clube maior, mais vivido e mais participado”. Este compromisso passava inevitavelmente por termos um novo cartão de sócio, mais moderno, mais prático e funcional, que garanta outro estatuto e várias vantagens e regalias aos associados. Mas relativamente ao novo cartão de sócio, a chamada Bluebox, demos passos muito seguros que nos permitiram fazer a cerimónia de lançamento oficial no passado dia 1 de Agosto.

Que passos foram esses?
Começo por lhe dizer que o nosso Vice-Presidente Paulo Vítor Costa tem desenvolvido um trabalho fantástico nesta área que passou pela concepção, criação e produção do novo Cartão de Sócio com tecnologia RFID (Identificação por Rádio Frequência), pondo desta forma fim a um sistema com mais de 50 anos. Os cartões já se encontram em circulação, a “BlueBox” também, com ofertas e um conjunto de vantagens comerciais para os sócios do Clube; já colocámos em prática uma actualização contínua da base de dados de sócios que se encontrava muito desactualizada e com muita informação indisponível; fizemos, como é público, o lançamento de uma campanha intensiva de incentivos para recuperadores de sócios e angariadores de novos sócios e, por outro lado, garantimos a implementação de novos meios de pagamento de quotas no Clube, nomeadamente a possibilidade de pagamentos por débito directo, e instalámos o hardware e software referente aos torniquetes do Estádio para permitir a leitura óptica dos novos cartões de sócio.
Procedemos também à instalação de uma nova versão da aplicação de gestão de associados, que vai permitir uma maior interactividade e comunicação com os sócios do Clube.
Ou seja, o cumprimento desta promessa eleitoral e que era reinvidicada por toda a massa associativa há pelo menos 10 anos, foi um trabalho muito compensatório mas, como se pode constatar, teve que passar por várias fases, algumas delas revestidas de grande complexidade técnica. Mas o que interessa é que está feito e vai ser, de certeza, um enorme sucesso.

Mas o que é concretamente a Bluebox e quando começa efectivamente a ser comercializada?
A BlueBox, é a materialização do produto “Belenenses” em que, através de um objecto físico, damos as boas vindas a um sócio que regressa, ou a um adepto que se torna sócio.
É na BlueBox que fisicamente reunimos a informação protocolada com os nossos parceiros comerciais, e que agradecemos a adesão do sócio com um conjunto de ofertas.
A BlueBox abre a possibilidade de comercializar o produto “Novo Sócio” por todas as filiais do clube e através de pontos de venda estratégicos dos nossos parceiros comerciais.
A BlueBox reúne já protocolos comerciais com cerca de 20 empresas prestadoras de serviços e fornecedoras de produtos de 1ª linha, para que o sócio do Belenenses “ganhe” efectivamente dinheiro. Para além disso, trata-se a partir de agora de um processo dinâmico e evolutivo, porque tencionamos continuar a adicionar novos parceiros e novas vantagens ao longo do tempo.
A Bluebox começou a ser comercializada no dia 1 de Setembro e  inclui informação comercial dos parceiros do Clube com todas as vantagens protocoladas, cartão Repsol, o novo cartão de sócio e um Cachecol, tendo um custo de 10€ para sócios, de 20€ para antigos sócios que solicitem a sua readmissão (com duas quotas incluídas) e de 30€ para novos sócios (com três quotas incluídas). Nos dois últimos casos, aplica-se um desconto de 50% para estudantes e reformados. Gostaria ainda de informar que todos os associados do clube poderão optar pelo pagamento através de débito directo e que o actual cartão de sócio funcionará até dia 31 de Dezembro de 2015, permitindo assim um período de 4 meses para que todos os sócios possam trocar os seus cartões.
Em suma, a Bluebox é tudo isto e muito mais, é uma revolução no conceito de sócio tal como o conhecíamos até agora.

“Renumeração dos Sócios era inevitável e necessária”

Avançou com a  renumeração de sócios de que se falava há tantos anos, como têm sido as reacções dos associados?
A renumeração de sócios foi realizada, sendo certo que a nossa base de trabalho é, e continuará sempre a ser, de 36.000 sócios em base de dados. É este o número que passamos sempre aos parceiros comerciais. Como sabe, temos quase 100.000 seguidores nas redes sociais e é este o nosso mercado alvo: 100.000 adeptos!
A última renumeração já foi feita há mais de 20 anos, pelo que achámos que nenhum sócio iria compreender que perdêssemos esta oportunidade para o fazer. Eu diria que um dos grandes argumentos que faz com que os sócios nunca deixem de pagar quotas é manter a sua antiguidade e ver o seu número de sócio a descer. Todos os sócios anseiam um dia chegar a sócio número 1, pelo que pela oportunidade e pela estratégia de marketing que uma acção destas incorpora, decidimos ser este o momento para actuar nesta matéria.

Mas com a renumeração ficou a descoberto o desastre que foram os últimos anos no Clube no que diz respeito à perda de associados, acha que agora é possível inverter este estado de coisas?
Perdemos de facto muitos milhares de sócios nos últimos anos, o que conduziu o clube, na minha opinião, para uma situação muito perigosa. Aponto aqui, claramente, o dedo às anteriores direcções do clube que pouco ou nada fizeram para inverter este estado de coisas, e compete-nos agora, com esta nova política virada para os sócios e adeptos, trabalharmos arduamente para inverter esta curva descendente. É isso que com a ajuda de todos contamos conseguir com a Bluebox.

Quais os objectivos que pretende atingir com este novo cartão de sócio, a Bluebox?
Temos sentido uma grande adesão dos sócios aos nossos apelos para que voltem, mesmo antes de lançarmos o novo cartão de associado. Mas apelo aqui a mais, já que só com a envolvência de todos os Belenenses podemos ter um grande sucesso. Essa envolvência a que apelo passa pelo contributo de todos os Belenenses, numa acção de “member get member”, de recrutarem novos sócios ou recuperarem sócios antigos. Nós queremos duplicar o número de sócios com a Bluebox, é esse o nosso grande objectivo que sabemos ambicioso mas que achamos que é exequível.