Na véspera do jogo de apresentação aos sócios do Belenenses, que antecede a semana de preparação para o primeiro jogo oficial da época, conversámos com o técnico Carlos Teixeira sobre o balanço desta pré-temporada e as expectativas para a Liga Sport Zone Futsal que tem início no próximo fim-de-semana.

– Concluída a pré-época, que teve início no passado dia 8 de Agosto, com este jogo diante da Quinta dos Lombos, relativo ao Memorial Carlos Moutinho, que balanço fazes deste primeiro mês de trabalho? Foram cumpridos os objectivos?
– Antes de mais nada convém referir que amanhã será um dia muito importante para a Secção, para o NAF e para o Clube, pois é o dia em que homenageamos o Carlos, que foi alguém que nos deixou uma herança fortíssima, alguém que foi um dos principais responsáveis pelo “renascer” do futsal no Belenenses. Por ele e pelos nossos adeptos, temos a obrigação de nos apresentarmos bem. Quanto ao balanço que faço da pré-época, é claramente positivo, pois trabalhámos muito e trabalhámos bem. Os jogadores têm sido inexcedíveis na entrega e na vontade de assimilarem as nossas ideias.

– A recente participação na Taça de Honra da AFL deixou boas indicações aos nossos adeptos, pelos resultados e pela atitude da equipa. Ficaste satisfeito com essa participação? Que indicações tiraste desses dois jogos?
– Foram realmente dois jogos  que nos permitiram tirar ilações importantes, sobre o que já conseguimos fazer e sobre as lacunas e imperfeições que terão de continuarem a serem trabalhadas. Independentemente dos resultados obtidos nestes jogos da pré-época e do prestígio a defender sempre que jogamos, o importante foi verificar o que estávamos a fazer de mal e o que teríamos que rectificar para os próximos jogos.

– O Belenenses/ElPozo renovou com nove jogadores, todos aqueles que foram indicados pela equipa técnica, tendo reforçado o plantel com seis novos reforços. Qual o critério para o reforço do plantel?
– Foi um critério simples e apertado. Tinham de ser jogadores que nos pudessem acrescentar algo no desenvolvimento do nosso modelo de jogo, jogadores que partilhassem dos valores que defendemos no Futsal do Belenenses e sobretudo que compreendessem o orgulho e a responsabilidade de envergarem esta camisola. É uma camisola que pesa muito e para a envergar é necessário ter estofo.

– Quais as características dos novos reforços e como pensas que se enquadrarão neste plantel, que contém vários jogadores que já orientas há vários anos?
-A base da equipa já existia. Importava que quem viesse, complementasse o grupo sobretudo nos aspectos identificados por nós e todos os que vieram corresponderam na íntegra ao que necessitávamos. Cabe agora a todo o grupo trabalhar, esforçar-se e produzir o rendimento desejado em função do planeado para esta época. Estamos optimistas, embora saibamos que dificilmente tudo correrá bem ao longo da época. Haverão percalços e adversidades que não estando previstos, terão de ser contornados quando surgirem.

– Comparando o plantel da época passada com o que vai iniciar esta época, consideras que este é mais forte do que o anterior? Em que aspectos?
– É prematuro fazer essa análise agora, mas a expectativa é que a equipa seja mais forte e sobretudo mais madura. Que compreenda melhor os tempos e os ritmos do jogo, que lide melhor com a carga emocional do mesmo e que não oscile tanto em termos exibicionais e de resultados. Daí termos injectado alguma experiência adicional no grupo.

– Como é natural, dado o Belenenses/ElPozo ter um orçamento limitado, terão havido jogadores pretendidos e quer não foram possíveis de recrutar, sendo esse um processo que acompanhaste diariamente. Como analisas este processo? Gostarias de ver alguma situação ou alguma posição melhor resolvida?
– Quando a equipa técnica e o director-desportivo (Nuno Lopes) começou o processo de planeamento da estrutura do grupo de trabalho para esta época, naturalmente que equacionámos uma lista de possíveis reforços e até fecharmos o plantel tivemos um processo demorado e delicado em que essa lista vai sendo alterada quase diariamente, ora por opção nossa ora por situações que nos são alheias. É um processo natural, de quem sabe quem quer e quem não quer. Eu como todos os treinadores quero sempre os melhores e quando finalizámos o processo e demos por fechado o plantel, o sentimento que ficou é que os quinze jogadores que temos são realmente os melhores e os que queremos.

– Na época passada, o Belenenses/ElPozo foi das equipas com mais golos sofridos no campeonato, apesar de excelente temporada realizada. Como pensas contrariar essa situação nesta época?
– É um facto. Fomos a terceira pior defesa do campeonato, uma responsabilidade totalmente assumida por mim. É uma vertente muito importante do jogo e algo que me preocupa, pelo que é nossa intenção que esta época consigamos contrariar essa situação, alterando algumas situações e melhorando outras sem nos desviarmos da nossa ideia do jogo e sem perdermos o ADN do futsal do Belenenses, que é praticar um jogo positivo, um jogo alegre, que procura o golo, a vitória e o prestigiar constante do emblema que orgulhosamente carregamos ao peito.

– Perspectivando a época que vai ter início na próxima semana, analisando as equipas que vão participar no próximo campeonato nacional e os seus reforços, como antevês o próximo campeonato?
– Prevejo um campeonato mais equilibrado, onde os mais fortes podem ser surpreendidos em qualquer fim-de-semana ou pavilhão. Há equipas que se reforçaram muito, que se reforçaram bem e outras que deram seguimento ao bom trabalho que já vinham apresentando, pelo que considero que o campeonato será mais nivelado por cima e a luta pelos três pontos será mais feroz. E nós estaremos garantidamente nessa luta semanal pela conquista dos três pontos.

– Qual será o objectivo do Belenenses/ElPozo para esta temporada? Até onde poderemos ir?
– O objectivo é claro e passa por atingir um lugar nos play-offs. Temos consciência da nossa realidade e das nossas dificuldades, mas também temos consciência do nosso valor, pelo que não estaria a ser verdadeiro se não assumisse que o objectivo será fazer melhor que na época passada. Um lugar no play-off, com mais pontos e de preferência melhor classificados. A nossa ambição é infinita, mas também sabemos que o êxito depende de uma série de factores e temos consciência que um desses factores é o sexto jogador. Nunca me desculpei nas adversidades com a falta de apoio, mas sei que se tivermos os adeptos connosco teremos mais força para termos sucesso. Isso é algo indesmentível.
Basta recordar os anos de glória do futsal do Belenenses, quando as bancadas deste pavilhão estavam cheias e delas emergia uma força enorme que empurrava a equipa até aos golos e até às vitórias. Ambicionamos recuperar esse ambiente gradualmente, como tem acontecido.
Por vezes falam dos adeptos deste e daquele clube, da interligação que têm com as suas equipas, mas não existe nada igual ao ambiente vivido aqui no Acácio Rosa, não existe pavilhão nem público como o nosso. Sei que os adeptos estão afastados da vida desportiva do clube, mas espero que voltem a ocupar a sua cadeira e que contribuam também para o engrandecer do prestigio deste clube. As equipas precisam desse apoio. Estou aqui há vários anos para saber que o futsal do Belenenses será tão forte quanto os seus adeptos quiserem.

– Vais iniciar a terceira época ao comando da equipa sénior, depois de várias épocas a trabalhar na formação. Como te sentes no Belenenses? Acreditas neste projecto e no futuro do mesmo?
– É um orgulho enorme representar o Belenenses/ElPozo. Já estou aqui há alguns anos e ao longo dos mesmos aprendi a gostar do clube e a respeitar o clube. Já passei por muitas situações aqui, umas mais positivas do que outras, mas julgo que tenho contribuído para o engrandecimento do futsal do Belenenses. Vejo muitos dos jovens que passaram pela minha mão representarem hoje a Selecção Nacional e isso enche-me de orgulho também. Portanto, mais do que acreditar no projeto, acredito nas pessoas que lideram o futsal, vejo diariamente o que trabalham e a forma apaixonada, dedicada, competente e séria como o fazem. Sei os planos e a visão que têm para o futuro, apostando num crescimento consolidado e gradual, cumprindo sempre com o acordado, pelo que enquanto acharem que sou útil, estarei cá de corpo e alma a dar o meu contributo, sempre com uma satisfação enorme de envergar no peito a Cruz de Cristo.