Neste último, quis o capricho do sorteio que as únicas equipas em posição de chegar ao título, se defrontassem na última jornada, em jogo, portanto, decisivo. Eram o Belenenses e o Benfica. O ABC, campeão na época anterior, o F. C. Porto e o Sporting haviam ficado, entretanto para trás.
O jogo teve lugar no Pavilhão Acácio Rosa. Muitos de nós assistimos, no Estádio, a parte do jogo de futebol entre o Belenenses e o Boavista e rumámos, já na 2ª parte, para o Pavilhão. Foi já aí que se festejou o 2º golo do Belenenses ao Boavista, noticiado pela rádio, e que nos deu o triunfo por 2-1.
O pavilhão estava cheio como um ovo, a rebentar pelas costuras, dando origem a um calor quase insuportável. Apesar da presença de apoiantes do Benfica, a larga maioria do público (mais de três mil pessoas) era constituída por adeptos do Belenenses, que fizeram do Acácio Rosa um verdadeiro inferno. Um inferno azul!…
À nossa equipa, que tinha um ponto de vantagem sobre o seu opositor, bastava o empate. E a verdade é que, neste jogo, o Belenenses esteve quase sempre na frente. Ao intervalo, o resultado estava 12-9 a nosso favor. Aos 10 minutos da 2ª parte, a nossa equipa comandava por 16-12. O título parecia assegurado.
Subitamente, porém, as coisas desataram a correr mal. O Benfica começou a aproximar-se, a nossa equipa intranquilizou-se, permitiu o empate, e cerca dos 20 minutos, o Benfica chegou pela primeira (e única) vez à vantagem, por 19-18.
A angústia atingiu-nos mas o público azul nunca deixou de incentivar a nossa equipa, nem esta de lutar bravamente. O embate entre as duas equipas era de uma intensidade extraordinária.
Reagindo, a nossa equipa fez o 19-19 e voltou ao comando 20-19. Em seguida, o Benfica tornou a empatar. A 1 minuto e 19 segundos do fim, o Belenenses, por Alberto Oliveira adianta-se no marcador, 21-20, mas o Benfica voltou a empatar 17 segundos depois. A 46 segundos do fim, o Belenenses tem um livro de 7 metros a seu favor, que desperdiça, com a bola a embater na trave da equipa benfiquista.
Os últimos 40 segundos foram dramáticos. Um golo do Benfica deitaria tudo a perder para nós. A 5 segundos do fim, o sofrimento acabou-se: recuperámos a bola, e Armando Pinho embalou para a baliza do Benfica. Já não conseguiu marcar mas pouco importava. O jogo morreu nas suas mãos e o Belenenses (re)nascia Campeão!
Foi a apoteose: um mar de bandeiras azuis a agitar-se, invasão de campo, um imenso “Belém! Belém! Belém!”, o “We are the Champions” dos Queen a tocar, abraços e mais abraços, uma grande, grande alegria!
No edição seguinte do jornal Record (que então era à 3ª feira), lia-se: “Foi o Belenenses quem ‘rapou o prato’, para gáudio de milhares de adeptos num pavilhão repleto de uma fúria azul…”.
JMA
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