Vasco Faísca regressou segunda-feira ao Restelo, num dia preenchido em que reconheceu os cantos à casa e tomou primeiro contacto com o plantel, orientando logo de seguida o primeiro treino com a camisola da Cruz de Cristo.
Completando um dia muito preenchido, o final de tarde ficou marcado pelas primeiras declarações do técnico dos azuis à comunicação social que se juntou ao presidente Patrick Morais de Carvalho na sala de imprensa do Estádio do Restelo.
O que o fez aceitar o convite para regressar ao Belenenses neste momento da temporada?
“Eu estou aqui porque acredito neste plantel. Se não acreditasse ficava em casa, sou do Algarve, sou de Faro, ficava lá embaixo a apanhar sol descansado da vida. Aceitei este desafio com muita crença porque é o Belenenses e porque temos um plantel capaz de dar a volta, tenho essa convicção profunda e, portanto, venho aqui com grande entusiasmo e ilusão de que é possível retirar o quanto antes a equipa desta posição desconfortável”.
Chegado ao Restelo, qual é o ponto da situação?
“Desde já aproveito também para, assim como o presidente, dar uma palavra ao Bruno Dias. Sei que isto é o futebol, eu também passei por uma situação recente semelhante, mas agradecer ao Bruno e à equipa dele o trabalho que deixa aqui. Deixa um marco no Belenenses, conseguiu uma marca positiva, o Clube subiu de divisão com ele. Infelizmente nos últimos tempos os resultados não tinham sido os melhores e a direcção escolheu pela mudança, mas eu agradeço o trabalho que ele deixa porque há aqui muitos aspectos de qualidade que eu vou saber aproveitar. Depois, é evidente que vou querer deixar também um cunho pessoal, não quero entrar em detalhes porque vocês percebem que faz parte da estratégia daquilo que é um jogo importante para nós na sexta-feira, não quero estar a abrir muito o jogo porque penso que estaria a facilitar a vida ao Ricardo Sousa”.
Enquanto jogador representou o Belenenses entre 2005 e 2006, como se sente com este regresso ao Clube agora enquanto timoneiro dos azuis?
“O regresso traz memórias muito boas, ainda hoje quando entrei aqui nas instalações, nos balneários, no estádio…, mais memórias vieram à cabeça. Vivi aqui uma época e meia com momentos altos e baixos, momentos difíceis, mas também muito bons. Acima de tudo fica a recordação de bons treinadores que foram também bons professores e que, de alguma forma, me influenciaram naquilo que eu sou hoje como treinador. Sublinho os três nomes que apanhei aqui: Carlos Carvalhal, José Couceiro e, por fim, Jorge Jesus, todos eles excelentes treinadores e com todos aprendi algo. Depois, um grupo de jogadores fantástico, tínhamos grandes jogadores nessa altura, o Belenenses tinha uma grande equipa, e hoje muitos deles são bons amigos, portanto ficam recordações muito boas. Para finalizar, porque os melhores ficam sempre para último, a massa adepta do Belenenses, que, sem dúvida nenhuma, é uma massa adepta presente, que se faz sentir. Faz sentir nos momentos menos bons, mas também se faz sentir nos momentos bons e eu passei aqui muitos momentos bons, portanto também levo desse período no Belenenses recordações muito boas com a massa adepta do Belém”.
Por sua vez, Patrick Morais de Carvalho deixou a sua análise ao momento presente: “Tínhamos noção que chegar aos campeonatos profissionais era uma nova etapa já que vínhamos de cinco subidas consecutivas mas em contextos de campeonatos distritais e nacionais, como é o caso do Campeonato de Portugal e da Liga 3, que, embora seja uma antecâmara do profissionalismo, ainda existe uma diferença grande entre o nível da Liga 3 e da Liga 2. Não diria a nível organizativo, mas diria a nível da qualidade dos plantéis, é evidente que na Segunda Liga há mais competitividade. Da nossa parte sabíamos que íamos sentir algumas dificuldades e que o primeiro ano seria um ano para darmos tudo no sentido de conseguirmos estabilizar o Belenenses nos campeonatos profissionais por variadíssimas razões, mas, essencialmente, porque o Belenenses merece estar na Primeira Liga e não se pode colocar de fora dos novos tempos que vão chegar ao futebol português obrigatoriamente pela questão da centralização dos direitos audiovisuais. Portanto, com os nossos meios e recursos, sabendo que é difícil, também sabemos que somos o Belenenses, de certeza absoluta o maior Clube da Liga 2, com mais História, com mais pergaminhos no futebol português e, se calhar no dia de hoje, com menor capacidade financeira do que a esmagadora maioria dos emblemas da Segunda Liga, mas com uma capacidade e um valor imaterial que, tal como dizia e bem o mister Vasco Faísca, com a nossa massa associativa, quando as coisas começam a correr bem e começa a haver aquele vento pelas costas, os jogadores voem e a equipa também voa. Temos essa vantagem, temos que fazer uso dela e, neste momento, temos essencialmente que ser pragmáticos, somar pontos e depois teremos tempo para fazer coisas mais bonitas”.