O presidente da Câmara Municipal de Lisboa subiu ao palco do Centro Cultural de Belém para se dirigir aos cerca de 1300 adeptos do Belenenses que praticamente lotaram o grande auditório daquele espaço. Num discurso de cerca de 8 minutos, Fernando Medina destacou o “projeto imobiliário” do clube, que, explicou, não prevê a alienação de um qualquer metro quadrado. Revelou que pediu ajuda ao clube para melhor gerir um novo pavilhão na Ajuda, junto às Salésias, e garantiu que os licenciamentos para obras futuras serão aprovados “rapidinho, rapidinho”.
Leia o discurso de Fernando Medina na íntegra:
“A minha primeira palavra é uma palavra de agradecimento em nome da cidade de Lisboa por estes extraordinários 100 anos. Não se pode contar a história da cidade de Lisboa nos últimos 100 anos sem falar desta instituição extraordinária, mágica na história da nossa cidade, uma instituição que como o Patrick aqui bem disse a quem auguravam poucos anos viu coisas tão extraordinárias como a passagem da primeira república ao Estado Novo, para um Portugal democrático, atravessando guerras, atravessando privações, momentos de expansão, momentos de orgulho, momentos de tristeza. E aqui estamos nós 100 anos depois a festejar o presente e o futuro do Belenenses.
Quero destacar nesta história a extraordinária escola de formação de homens em mulheres que através do desporto se tornaram melhores cidadãos, que através do convivio, da competição, da aprendizagem do que são valores do desportivismo, da camaradagem, do fairplay, os valores do olimpismo formaram e moldaram diversas gerações da cidade de Lisboa. Muito obrigado.
Mas a minha vinda hoje aqui quer representar acima de tudo uma palavra de compromisso com o Belenenses. Compromisso com o presente e com o futuro do Belenenses. Porque o Belenenses está aqui. Está aqui hoje e não está em nenhum outro lado.
Este nosso compromisso não é um compromisso feito com palavras. É um compromisso feito de actos concretos. Em 2014, 2015, quando conheci Patrick e a sua direção fomos desafiados para um projecto de proteção do clube, de assegurar o património do clube para os seus sócios, de assegurar um projecto de independência, um projecto de desporto, um projecto de futuro.
Tenho de vos dizer com toda a franqueza que não é muito frequente ouvir discursos como aquele que ouvimos na Câmara de Lisboa naqueles dias. Pensamos se efectivamente aqueles que nos chegavam à nossa frente dizendo que o objectivo relativamente aos terrenos do Restelo não era nada daquilo que tinhamos ouvido durante tantos anos, mas era em primeiro lugar passar tudo para uma parcela única para proteger melhor o património e a partir daqui desenvolver um conjunto de edificado não para alienar um único metro quadrado que fosse, mas para poder gerar as receitas suficientes para saldar as dividas, dar independência e sustentar o clube. O clube! Não qualquer outra organização!
Foi isto que nos uniu, começando na recuperação do campo das Salésias, que estava abandonado e sem utilização, que hoje é um equipamento do qual todos nos orgulhamos. Agora esperamos, senhor presidente da Junta, em breve poder estender a um novo pavilhão desportivo mesmo ali perto. Também desafiámos o Belenenses para connosco utilizarmos melhor aquele pavilhão para servir a Ajuda. Mas o trabalho que começa nas Salésias e passa rapidamente para a definição de futuro do grande complexo de edificado do estádio do Restelo.
Foi com enorme gosto que eu e o vereador Manuel Salgado começámos a olhar para os primeiros documentos, a fazer os primeiros acertos, os primeiros desenhos ,e a constatar que afinal aquilo para que tínhamos sido desafiados era verdadeiramente assim, era proteger o património, proteger um projecto de futuro, torná-lo sustentável não embarcando nas aventuras tantas vezes simples e tantas vezes fantasiosamente defendidas em qualquer assembleia mais inflamada, que é dizer vamos agora vender um grande activo para comprar este ou aquele jogador e depois de uma época ou duas o dinheiro já se esfumou, o jogador também já saiu e estamos sempre pior do que estávamos noutra circunstância.
Nós fomos desafiados para um projeto de futuro e é por esta razão que aqui estou com muito gosto, com muito empenho e para vos dizer que tudo faremos para continuar a concretizar este projecto, que é um projecto de futuro, que é um projecto no qual nós verdadeiramente acreditamos.
Quero aproveitar para dizer e descansar o Pedro Barroso que faremos o licenciamento [das obras] mais rapidinho rapidinho do que ele resistirá a umas novas bolachinhas.
Para que possamos dar e iniciar de forma mais concreta e efectiva um passo importante na vida do clube. Estaremos ao lado do clube no licenciamento do Lidl, na resolução dos problemas da bomba de gasolina, nos do colégio ou do equipamento escolar da requalificação planificada, também do ginásio, de todas as iniciativas, de todos os projetos que visem seguir o mesmo fim, que é um fim que é essencial para a cidade de Lisboa. Era isto que queria vir aqui dizer, não vou gastar mais tempo.
Nós sabemos quem são os nossos, a cidade de Lisboa estará sempre ao lado dos seus.
Belém, Belém até ao fim.”
Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Fotografia: Joaquim Galante