«Eleições? Venham muitas candidaturas, mas este caminho terá continuidade se os sócios quiserem»

Qual o ponto de situação do Bingo? É verdade que o Belenenses vai ser despejado da sala na Av. João Crisóstomo e que o Bingo vai fechar?
O pelouro do Bingo está sob a responsabilidade dos meus colegas de Direcção Frederico Abecassis e Paulo Peters que têm feito um trabalho muito meritório nesse dossier.
Decorre neste momento concurso público para a atribuição de nova licença de exploração do jogo do Bingo, o Belenenses candidatou-se em parceria com uma empresa credível, um parceiro com o qual foi necessário negociar novos termos, e apresentou uma proposta realista face à quebra das receitas generalizadas em todas as salas de Bingo do país.
É uma proposta que consideramos ser boa e que a ser a escolhida garantirá a nossa continuidade.
Se tal suceder, o clube continuará a explorar o negócio na mesma sala de sempre e com a mesma equipa de profissionais.
No entanto, o vencedor em princípio será aquele que oferecer a maior contrapartida financeira a favor do Estado português e desse ponto de vista a nossa proposta foi a 2ª mais alta, embora com uma diferença abissal relativamente à oferta mais elevada.
Se, por outro lado, for escolhida uma proposta concorrente à nossa, a mesma implicará a passagem do pessoal da sala para a nova empresa, algo que desde o primeiro momento quisemos assegurar pelo que fica acautelada uma situação que seria preocupante do ponto de vista laboral para várias famílias que dependem do Bingo do Belenenses para sobreviver.
É um dossier sobre o qual deve reinar a tranquilidade e para nós a coisa é clara: gostaríamos de continuar na sala, assegurámos um contrato de arrendamento com o senhorio por mais 20 anos, mas não cometeremos loucuras.
Se tivermos que não ganhar o concurso sairemos de cabeça levantada de uma actividade que não é o nosso core-business e que temos pouca apetência para gerir.
Se ganharmos, cá continuaremos com muita disciplina e com as dificuldades conhecidas a empurrar o barco para à frente e com a responsabilidade dos trabalhadores.

Quando estará concluída a revisão dos estatutos?
A comissão trabalha de forma independente e quando tiver um projecto concluído disso será a Direcção e os sócios informados. Sei que o trabalho tem avançado bem, que está praticamente concluído, embora desconheça os passos em falta. Como digo, total autonomia e total liberdade para com as comissões de trabalho que vamos criando.

Tem noção de que existe um movimento para tentar lançar um candidato pró-Codecity? Está a ser feito algo para acautelar essa situação?
Isso é para o lado que durmo melhor. O Belenenses é dos sócios e os sócios é que decidem em cada momento quem deve ser o seu representante e o seu presidente. É bom que surjam a debate várias ideias para que o caminho possa ser sempre seguido em consciência e de acordo com a vontade dos sócios.

Está prevista a expulsão de sócios que estejam pública e assumidamente envolvidos em permanente difamação do bom nome do clube?
Não está prevista coisa nenhuma e aliás não compete à Direcção expulsar sócios, nem é esse o nosso objetivo. Pelo contrário, estamos muito focados em atingir a marca dos dez mil. Queremos unir os Belenenses. Evidentemente, se há sócios a infringir diariamente os estatutos do clube e disso o Conselho Fiscal e Disciplinar tiver conhecimento, só a este órgão competirá actuar, com total independência relativamente à Direcção.

Em 2020 há eleições. Vai recandidatar-se?
Ainda falta bastante tempo até às eleições e há muitos desafios pela frente, muitos passos importantes a dar para consolidar o futuro do clube. Neste momento não importa dizer se me recandidato ou não, não é o tempo para pensar nesse assunto.
Importa isso sim que todos façamos uma reflexão sobre o rumo do clube e sobre o caminho que decidimos seguir, para que na hora de decidirmos quem será o próximo presidente possamos dar continuidade a este caminho.
É certo que não podemos desperdiçar os passos dados e temos de aproveitar o balanço. Se sou eu ou outro a candidatar-se é o que menos importa agora. O que posso garantir neste dia é que o caminho terá continuidade se os sócios assim o decidirem, pois o clube é dos sócios e é para eles, só para eles, que trabalhamos diariamente.

Como comenta boatos que surgem frequentemente nas redes sociais afirmando que o clube está à beira da falência?
A saúde financeira do clube não oferece hoje riscos de maior. O PER tem sido cumprido, com a excepção conhecida da questão BANIF/Oitante e o rigor financeiro tem permitido baixar o passivo. Aliás os activos do Clube são amplamente superiores ao seu passivo.
Além disso, vários dossiers estruturantes têm sido trabalhados e em breve os resultados serão visíveis no dia-a-dia do clube.
Mas ainda bem que me coloca essa questão porque a propósito do tradicional diz que disse eu gostava de referir o seguinte: ainda há não muitos dias surgiu nas redes sociais mais um boato que referia que a Polícia Judiciária tinha estado no Restelo de onde teria levado um computador alegadamente por desconfiança em relação ao contrato relativo ao recente concerto dos Metallica.
Ora, sabemos perfeitamente de onde vêm essas tricas e quem são as pessoas que as lançam, mas que nunca ninguém espere que a Direcção do Belenenses perca um minuto do seu tempo a desmentir a má-fé de quem nos quer mal. Até porque como facilmente se compreende não faríamos outra coisa.
Repito: não contem connosco para esse peditório, os sócios devem estar conscientes de que os boatos vão continuar a surgir e todos eles ficarão sem resposta pública – nos locais próprios já o tema será diferente – pelo menos enquanto eu for presidente do clube.
Podem surgir vários apelos para que façamos desmentidos mas é tempo perdido, há momentos em que também é fundamental que as pessoas confiem no nosso trabalho e não nos peçam para desviar o foco de tantos dossiers importantes para dar atenção ao que não tem interesse nenhum e a quem sente o chão a fugir.
Podem aliás os sócios estar descansados: no dia em que alguma coisa existir que mereça um desmentido, cá estaremos para o afirmar com todas as nossas forças, como aliás já fizemos no dia em que o senhor presidente da Liga entendeu dizer em público que falava com o clube e comigo amiúde.

Existem ordenados em atraso a funcionários do clube?
Quando tomei posse pela primeira vez, em Outubro de 2014, havia vários meses de salários em atraso.
Hoje, com uma nova realidade financeira que lográmos criar, por vezes existem estrangulamentos pontuais de tesouraria e pequenos atrasos, meia dúzia de dias, mas o clube é cumpridor das suas obrigações quer para com os funcionários, quer para com os fornecedores.
Posso garantir que actualmente temos tudo em dia com os nosso funcionários, quer os que trabalham no clube, quer os cerca de 80 que trabalham no Bingo.

Foi muito positiva a iniciativa de no âmbito das comemorações do Centenário levar a nossa grandeza a Centros Comerciais. Está prevista mais alguma paragem desta exposição nomeadamente fora de Lisboa? E a par disso, tem feito visitas aos núcleos e filiais?
A exposição itinerante do Centenário em centros comerciais, que também já esteve no cinema São Jorge e no Mercado da Ajuda, tem-se revelado como diz um enorme sucesso.
Seja em vendas de merchandising, seja na captação de novos sócios e tudo isto mostrando a quem não a conhece a grandeza do clube que tem chegado desta forma a centenas de milhares de pessoas.
Recordo que estes espaços recebem por semana mais de cem mil visitantes, pelo que o impacto que temos conseguido tem sido muito significativo.
A Comissão do Centenário, a quem aliás quero mais uma vez prestar pública homenagem, está em contacto com municípios que manifestaram interesse em receber a exposição e também com centros comerciais de outras localidades, e estamos confiantes de que até ao final do ano possamos levar esta exposição a outras paragens. Trabalhamos para que isso seja possível, mas não consigo à data de hoje assegurar presenças concretas longe de Lisboa. Até porque existem questões logísticas e humanas que nem sempre são perceptíveis e que não tornam fácil realizar o que temos em mente.
Todos temos que ter noção de que para que uma exposição destas se realize é necessário assegurar meios humanos que garantam uma exposição mais de doze horas por dia durante uma semana ou mais, com sócios que prescindem nesses períodos das suas vidas pessoais e profissionais sem qualquer contrapartida, garantindo igualmente que nenhuma das peças que constituem o nosso património único corra riscos que não estamos disponíveis para correr.
Mas é certo que queremos fazer o maior número possível de exposições e estamos a trabalhar nesse sentido.
Em relação às filiais e núcleos, o vice-presidente José Duarte Ferreira e a sua equipa têm vindo a desenvolver um trabalho de regularidade e de proximidade que quero assinalar e é com grande satisfação que já no próximo fim-de-semana vamos receber no Restelo por dois dias um grande encontro de núcleos e filiais onde é nossa intenção pensar em conjunto o que deve ser hoje, em pleno século XXI, a relação entre o clube e as suas filiais de forma a manter relações que possam ser vantajosas para todos.
Agora, nomes como os de Virgílio Pombares, Bruno Ferreira, Pedro Patrão, Luís Filipe Silva, Rui Avelans Coelho, Luís Silva do Ó, João Farinha, Pedro Guedes da Silva e do meu colega de Direcção Óscar Machado Rodrigues ficam por certo gravados a letras de ouro na história do clube e do seu Centenário.

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