Uma semana após a sua apresentação como treinador da equipa principal de futebol do Clube de Futebol “Os Belenenses”, Nuno Oliveira concedeu uma entrevista ao site oficial do Clube na qual o técnico apresenta as ideias fundamentais de um trabalho que tem como objectivo recolocar o Belenenses no patamar competitivo ambicionado por todos os sócios e adeptos.

Para começar, um desafio difícil: em poucas palavras quem é o Nuno Oliveira?
É um jovem ambicioso, com muita paixão pelo futebol, com grande sentido de responsabilidade, de missão e de entrega em tudo o que faz.

Aos 31 anos de idade torna-se o treinador principal do Belenenses. Que significado tem para o Nuno esta oportunidade?
O significado desta oportunidade pode-se exprimir numa palavra: orgulho. Orgulho por trabalhar para um dos maiores clubes em Portugal e por poder dar tudo o que tenho nesta nova etapa do Clube de Futebol “Os Belenenses”.

O regresso do futebol sénior ao Belenenses tem gerado uma onda de entusiasmo no seio da massa associativa e muita simpatia entre adeptos do futebol com outras filiações clubistas. Na posição em que se encontra sente essa energia positiva?
Bastante, especialmente nos últimos dias com todas as mensagens de apoio que me chegam de sócios, adeptos e simpatizantes, gente não só do clube. Afinal, esta causa representa uma mudança no futebol português. O devolver do clube aos sócios, o juntar de novo os adeptos ao futebol sénior e ainda o orgulho sentido em apoiar de novo a equipa principal de futebol do clube têm sido das mensagens que mais tenho recebido nos últimos dias.

O seu percurso é feito nos escalões de formação, dentro e fora de Portugal, mas também no futebol sénior, nomeadamente no Tires. Acredita que esta experiência diversificada pode ser colocada ao serviço do projecto que assumiu na qualidade de treinador principal do futebol no nosso Clube?
Tenho a certeza de que pode, e vai ser colocada ao serviço do projecto e dos objectivos do Clube. Aliás, essa mesma experiência já está a ser posta em prática naquilo que é a preparação da época desportiva e nomeadamente da constituição do plantel. O conhecimento do futebol de formação a nível nacional e especialmente do Clube de Futebol “Os Belenenses” está a fazer com que a contratação de jogadores, por exemplo, seja mais direccionada para aquilo que exactamente queremos, não falhando os alvos que temos como jogadores. Por outro lado, o conhecimento a nível do futebol sénior, quer das divisões distritais, quer do atual Campeonato de Portugal, estão a ser usados no sentido de identificar e abordar os atletas que achamos que serão grandes mais-valias para este plantel, não só pela sua qualidade individual mas também pela sua experiência, postura e perfil psicológico.

O Nuno lidera uma equipa que envolve outros treinadores. Como os apresentaria em poucas palavras?
Trabalhadores, muito competentes e que já deram provas dessa mesma competência aqui. Acima de tudo estão muito identificados com o Clube, com o coração no Clube. Irão representá-lo com todas as forças e dedicação.

O Belenenses competirá na primeira divisão da AFL e o projecto passa por subir de divisão todos os anos até chegar à 1ª Liga. Como se prepara e programa uma missão destas?
Considero-me uma pessoa muito prática e de pés assentes no chão. E embora a preparação deste projecto esteja a ser feita a nível das contratações com vista ao longo prazo, quando arrancarmos com o campeonato só teremos o foco apontado numa direção: vencer cada partida e subir de divisão. É esse que tem de ser o nosso pensamento. O caminho é muito longo e vamos fazê-lo passo a passo. Com bastante humildade e com um enorme sentido de compromisso.

O Nuno vê-se a liderar o Belenenses em todo este percurso?
O meu futuro aqui tem uma importância muito reduzida. É o futuro do Belenenses que interessa e que está acima de tudo. O que eu me vejo é a trabalhar de corpo e alma para o Belenenses e para o seu futuro. E vou trabalhar até à exaustão, ano após ano, para que ao Clube seja devolvido ao seu verdadeiro lugar. Só isso importa.

A base da equipa será constituída por jogadores da formação do Belenenses, alguns dos quais vice-campeões nacionais de Juniores A em 2016/2017. Como se convence jogadores com o potencial dos nossos a jogar numa primeira divisão da AFL?
Essa pergunta creio que é a mais fácil de responder. Os nossos jogadores, acima do potencial e da qualidade que têm, nutrem um enorme carinho pelo Clube e estão intimamente ligados a ele. E essa é a verdadeira base: Jogadores muito comprometidos com o Clube. Quando tens jogadores que sentem o Clube como eles sentem, e sabendo os jogadores que os técnicos e toda a estrutura sentem o Clube de uma forma única também, noventa por cento da questão está respondida. Quem vem, vem por querer, por vontade própria, por amor ao Clube.

Na sua apresentação foi também referido que o plantel contaria com outros jogadores mais experientes no contexto competitivo em que nos integraremos na época que se inicia. Qual o perfil-base destes jogadores?
O perfil-base prende-se muito mais ao perfil psicológico do que ao seu perfil técnico. Como devem imaginar, existem muitos jogadores que se interessam só pelo nome que o Clube tem. Mas nós queremos mais que isso. Nós queremos atletas que sintam um enorme orgulho na dimensão do Clube, na história do Clube, na vida do Clube, e que queiram fazer parte dessa mesma vida com todas as suas forças. Mesmo dentro destes atletas mais experientes que falamos, estou convicto de que nas próximas semanas podemos ter boas surpresas para os adeptos, que será a possibilidade de aliar à experiência o facto de terem sido atletas que já representaram o clube – e o sentem de uma forma intensa – não nos últimos 3 ou 4 anos, mas há 10 ou mais anos, e que fizeram o seu percurso formativo nesta casa.

Quais serão previsivelmente as maiores dificuldades que se colocarão à nossa equipa no Campeonato?
Há factores dos quais não podemos fugir como por exemplo as dimensões de alguns dos campos dos adversários que enfrentaremos. Mas creio que uma das maiores dificuldades será que nas outras equipas estarão atletas que jogam com uma paixão muito grande e que defendem o seu clube com tudo. Creio que isso será uma dificuldade, mas que ao mesmo tempo também será um combustível para nós, porque nós também seremos esse tipo de equipa, que vai lutar e honrar a camisola até ao último esforço possível.

Certamente que já tem ideias sobre o tipo de jogo que pretende trabalhar com a nossa equipa. O que nos pode revelar sobre isso?
Vamos sem sombra de dúvida querer ser uma equipa dominadora e controladora dos jogos. Essas são as ideias base do nosso tipo de jogo. Mas acima de tudo, vamos ser uma equipa que vai lutar mais pelas vitórias do que todos os outros. Se lutarmos mais e quisermos mais, vamos sempre obter mais e melhor.

É possível “jogar bonito” no contexto de uma primeira divisão da AFL?
Há momentos em que será possível e outros em que não será tanto. Mas mais uma vez, no limite, o que mais importa é trazer os 3 pontos para casa todos os fins-de-semana. Quando isso tiver de ser feito de uma forma que não se considere “bonita”, faremos dessa forma. Só os objectivos do Clube importam, e os objectivos do Clube não são ser a equipa que mais “joga bonito”, mas sim subir de divisão.

O Nuno trabalha directamente com o Taira e com o presidente Patrick Morais de Carvalho. Como tem sido esta relação?
Tem sido uma relação próxima e produtiva, que se processa de uma forma bastante natural. Creio que os perfis pessoais e as ideias se encaixam. E a partir daí o trabalho flui de uma maneira muito mais natural.

O Nuno tem alguma referência, algum modelo, na sua caminhada como jovem treinador?
Era muito fácil falar em referências de nomes mediáticos que conhecemos na televisão. Mas esses não são as minhas verdadeiras referências. As minhas verdadeiras referências são as pessoas com quem até hoje tive a oportunidade de trabalhar de perto. Foi com essas que mais aprendi e são essas que mais valorizo na minha evolução. São esses os nomes que aqui quero deixar: José António (Lourel), Rui Pereira, Rui Sousa (ex-Pêro Pinheiro), Luís Araújo (Benfica) e João Santos (Juniores do Belenenses).

Sabemos que está a tirar um mestrado em gestão de treino e que na sua equipa técnica outros elementos também se encontram a estudar. É um tipo de treinador estudioso ou mais do instinto?
Creio que sou um misto. Para mim o estudo e o instinto complementam-se um ao outro. O conhecimento teórico sem o conhecimento prático tem pouca validade, assim como o conhecimento prático sem o conhecimento teórico tem pouca qualidade.

Por fim, que mensagem gostaria de deixar à massa adepta e aos sócios do Belenenses?
Os jogadores e equipa técnica darão tudo por esta equipa e por este Clube, deixarão a vida em campo diariamente. Isso é uma certeza. Mas uma maior certeza é que o apoio de todos os sócios e adeptos é essencial para o sucesso deste projecto, desta nova etapa, deste reerguer. Se nós trabalharemos a 100% sempre, o vosso apoio vai-nos catapultar para os 200%. Unidos pelo Clube de Futebol “Os Belenenses” venceremos. Sozinhos somos fortes, juntos somos invencíveis!