Patrick Morais de Carvalho tem 48 anos e em 2014 foi eleito pela primeira vez presidente do Belenenses.
Num momento vital para o clube, numa altura em que os sócios também discutem o futuro a dar à Nau Azul, o presidente da direção aceitou conceder uma entrevista ao site oficial. Porque é importante estar na posse de toda a informação antes de se tomar decisões históricas.
Vê com optimismo o futuro do clube, fala do saneamento financeiro que reduziu o passivo e, por fim, mostra determinação relativamente ao futebol profissional.
Coloca o foco futuro em três áreas chave: o futebol, claro, a requalificação do complexo desportivo do Restelo e o forte investimento na recuperação e angariação de sócios.
- O Bingo do Belenenses
- O projecto de requalificação do Complexo Desportivo do Restelo
- As Salésias
- Saneamento financeiro
- Cartão de Sócio, militância e filiais
- Futebol de Formação
- As relações entre o Clube e a SAD
Três anos e um mês depois de assumir a presidência do Belenenses pela primeira vez, pode agora dizer-se que o clube tem futuro?
Claramente. O clube tem um futuro risonho embora considere fundamental o resgate da equipa de futebol profissional, ou que o clube tenha uma equipa de futebol sénior onde os sócios se revejam e onde voltem a sentir paixão.
A nossa Direcção está empenhada em avançar com os processos que estão em andamento, que são processos todos eles de complexidade elevada mas que são determinantes para se poder garantir a sustentabilidade do clube. Acreditamos que é um trabalho que vai deixar marcas muito positivas e que vai aproveitar às futuras gerações de belenenses. Falo-lhe, entre outros, dos dossiers Bingo, Banif/Oitante, PIP e de relações institucionais com a autarquia, saneamento financeiro, Salésias, militância e associativismo.
Desde que continuemos a contar com a confiança da massa associtiva cá estaremos para trilhar este caminho.
“Bingo do Belenenses é uma marca com história no jogo em Portugal e tudo continuamos a fazer para a salvar”
Então vamos por partes, pois a maioria dos sócios talvez desconheça os dossiers. Que se pode dizer relativamente ao Bingo?
Quando chegámos ao Clube em 1 de Novembro de 2014 a possibilidade de o clube manter a nossa Sala de Bingo da Avenida João Crisóstomo estava quase que irremediavelmente perdida pelas razões que foram amplamente divulgadas aos sócios na Assembleia Geral realizada no dia 18 de Março de 2015.
E informámos, nessa ocasião, que a licença de jogo do Belenenses teria que ser renovada em Março de 2016 mas que na altura ainda se desconhecia a legislação que iria entrar em vigor, não se conhecendo o processo segundo o qual as licenças iriam ser renovadas e tão pouco se a nossa licença se manteria.
Trata-se de um processo muito complexo que vem inquinado quase desde a origem da atribuição da concessão à Casa da Sorte em 2010. O clube tudo tem feito para se manter em jogo até em função das várias dezenas de postos de trabalho que estão em causa.
Neste momento, o clube reclama uma dívida à Casa da Sorte que tem a ver com várias rendas em atraso e com uma cláusula de incumprimento existente no contrato celebrado em 2010. Trata-se de um valor muito elevado que o clube reclamou no PER da Casa da Sorte e, para já, o nosso crédito foi considerado de forma condicionada. Temos que aguardar pelos próximos desenvolvimentos deste processo.
Entretanto, saiu a Casa da Sorte e entrou o grupo espanhol Pefaco mas a dificuldade do clube em receber as rendas acordadas mantém-se, sendo certo que neste momento se aguardam também desenvolvimentos sobre uma nova regulamentação de jogo que está em elaboração na Secretaria de Estado do Turismo e que pode vir reanimar este sector de actividade que, no momento, passa por grandes dificuldades.
Diria por isso que, tendo o clube conseguido salvar o Bingo em março de 2016 de um encerramento quase certo, neste momento continuamos a lutar em busca de uma solução que possa viabilizar o negócio para os próximos anos.
“Processo de requalificação do património é complexo, mas está em andamento e será explicado numa AG”
E sobre o Projecto de Requalificação do Complexo Desportivo do Restelo?
Lográmos a aprovação do PIP em 28 de Junho de 2016, que era algo que o clube perseguia há décadas. Desde essa altura temos vindo a trabalhar num processo necessariamente moroso e complexo, mas que sabemos que vai garantir a sustentabilidade da Instituição nas próximas décadas e vai-nos permitir ser um clube mais forte e virado para a modernidade.
O PIP permite-nos, de acordo com a planta de reparcelamento proposto, fazer uma intervenção em todo o Complexo, permitindo a reconfiguração da disposição dos equipamentos no interior da nossa propriedade. Nessa linha, vamos poder edificar equipamentos como piscinas, polidesportivo, health-club, supermercado e zona comercial, clínica de alto rendimento, polo universitário, dois campos de futebol de 11, residências assistidas, colégio e um posto de combustível, que neste caso será transferido de local, para além, evidentemente, de toda a requalificação da Avenida da Ilha da Madeira que terá também novas valências.
Passámos por uma fase de identificação e selecção de parcerias, procedemos já a avaliações independentes por parte das maiores empresas portuguesas de avaliações, e o processo está em andamento apesar das dificuldades de execução que são muitas e diversas, e que explicaremos aos associados de forma rigorosa em Assembleia Geral.
“As Salésias são fundamentais para recuperarmos a nossa mística e a nossa identidade e espero que em breve possamos proceder à ampliação do campo”
A recuperação do direito de utilizar as Salésias é a coroa de glória da Direcção?
Por razões óbvias, as Salésias têm para a minha Direcção um significado muito especial.
A confiança entre uma Direção e a massa associativa, entre um Presidente e os sócios, constrói-se passo a passo e eu não desconheço que termos concretizado o resgate das Salésias foi um passo de gigante no consolidar dessa confiança.
A solução pensada para as Salésias após a assinatura dos contratos com a Estamo e a Junta de Freguesia da Ajuda, e que nos permitiu tomar posse dos terrenos, passou por adequar o mítico campo à prática desportiva do Belenenses.
Pelo seu simbolismo desportivo e pelo impacto que teve em toda a sua zona envolvente e na própria cidade de Lisboa, só podemos estar orgulhosos daquilo que fizemos nas Salésias.
Mas há críticas, por exemplo, à dimensão do campo…
Apesar dos apoios que tivemos de várias entidades e do protocolo que fizemos com a Fundação EDP, a solução que tivemos a capacidade de implementar nesta primeira fase não é aquela que idealmente gostaríamos de ver nas Salésias, e não é a ideal porque o clube não tinha a capacidade financeira de fazer melhor.
Temos um campo que não tem as dimensões que gostaríamos que tivesse. Como está permite a realização de treinos a várias das nossas equipas do futebol de formação, permitindo também a realização de jogos oficiais mas apenas de jogos dos campeonatos da AFL, uma vez que não colocámos lá a jogar as nossas equipas que competem em campeonatos nacionais, o que era o desejável.
É previsível que no futuro as dimensões do campo sejam aumentadas?
Faço votos de que num futuro próximo o clube reúna as condições necessárias para que se possa fazer o alargamento das dimensões do campo, para que outras equipas do Belenenses possam também competir nas Salésias.
O terreno está lá e existe espaço para se proceder a essa ampliação, pelo que acredito que o clube, mais tarde ou mais cedo, dará esse passo.
“À data de hoje temos todos os nossos compromissos com funcionários, atletas e treinadores em dia”
É possível traçar um panorama da situação financeira actual do clube?
Temos feito um trabalho tremendo no sentido de potenciar o saneamento financeiro. Lembro que quando recebemos o clube, em novembro de 2014, não tínhamos um tostão nas contas bancárias, tínhamos várias centenas de milhares de euros para pagar, em atrasos a vários fornecedores, tínhamos o gás a corte e tínhamos um déficit estrutural mensal superior a 50 mil euros mensais: esse foi o nosso ponto de partida em Outubro de 2014.
Quando chegámos, o cenário era pouco menos que aterrador para mais estando com um PER às costas que custa 50 mil euros por mês ao clube.
Foi preciso arregaçar as mangas e sermos engenhosos na procura de receitas extraordinárias sob pena de o clube não conseguir cumprir os seus compromissos básicos.
Desde essa altura, resolvemos todos os pagamentos que estavam em atraso, equilibrámos as contas, e hoje podemos dizer com grande orgulho que temos tudo em dia com toda a gente: funcionários, atletas e treinadores e, no caso dos funcionários. Tudo rigorosamente em dia.
E o passivo, como está?
No último ano, o passivo global do clube reduziu mais de 2.8 milhões de euros, o que equivale a uma redução de 19%.
Destaco também nos últimos três anos a redução do passivo de curto prazo, que é aquele que mais influencia o dia-a-dia do clube, foi cortado em mais de 500 mil euros, o que é equivalente a uma redução de 27%.
Isso implicou o crescimento dos capitais próprios em mais de 10%, que se situam atualmente num valor superior a 3 milhões de euros, solidificando a sustentabilidade financeira do clube.
Actualmente, a cobertura do passivo global por parte dos capitais próprios é de 25%, o que equivale a um grau de sustentabilidade bastante sólido.
Em termos de responsabilidades mais correntes e que naturalmente mais preocupam os sócios, os salários estão integralmente pagos e o PER tem tido um cumprimento rigoroso. A segurança social e os impostos estão também religiosamente em dia.
“Vamos avançar com duas campanhas ambiciosas. Uma para recuperar sócios, a outra para angariar novos”
Qual é o panorama associativo do Clube de Futebol “Os Belenenses”?
Quando chegámos, sentimos que era imperioso simplificar o acesso ao estatuto de sócio do Belenenses, que em 2014 se mantinha arcaico. E foi nesse quadro que lançámos a BlueBox, um produto atrativo e idêntico ao dos maiores clubes europeus, que associa inúmeras vantagens para os associados num processo de evolução permanente em busca de novas parcerias.
Ao mesmo tempo, foi feita uma renumeração de sócios que colocou a nu a realidade associativa que encontrámos. Felizmente, a BlueBox traduziu-se em resultados satisfatórios e quem se inscrever hoje como sócio do Belenenses terá já um número superior ao 8.150.
Mas estamos conscientes de que esse número está muito distante da real projeção do Belenenses, pelo que posso adiantar em primeira mão que temos preparadas duas campanhas ambiciosas visando não só a recuperação de sócios como também a conquista de novos sócios.
Mas se procuramos mais sócios, procuramos também mais sócios militantes, que marquem presença no Restelo no apoio às nossas equipas: lançámos o Cartão Modalidades que ainda não atingiu os números que ambicionamos, mas lá chegará, e estamos cientes de que no dia em que o clube recuperar o futebol profissional o BlueCard passará a ser um produto atrativo, podendo o clube desenhar vários modelos de propostas adaptáveis a todos os interesses, a todas as seções desportivas e à disponibilidade financeira de cada um.
Como tem corrido a reaproximação aos núcleos e filiais?
Tendo em vista um aumento da militância e do estatuto do Belenenses como clube com adeptos em todos os cantos do mundo, é com inegável orgulho que verifico que desde a Direção do Engº Cabral Ferreira nenhuma Direção tenha apostado tanto como esta na reaproximação às nossas filiais e aos nossos núcleos, com ações concretas mais do que apenas com palavras.
O Belenenses tem de estar cada vez mais próximo de quem o acarinha, tem de cativar o seu público potencial, tem de chamar de volta quem dele gosta mas que por razões diversas se afastou, e também por isso lançámos há dois meses uma APP para telemóveis, aliada à aposta anterior num novo site e na dinamização da presença do clube nas redes sociais. É um trabalho um pouco invisível, demorado e contínuo, mas que estamos convencidos de que acabará por apresentar resultados muito satisfatórios.
“Cada vez mais somos uma potência nacional no futebol de formação”
Desportivamente, o futebol de formação tem estado em destaque pelos resultados. Que balanço faz destes três anos?
É bom lembrar que quando chegámos, já com a época 2014/15 em andamento, nos deparámos com um modelo de organização no futebol de formação que considerámos não apenas que estava errado como que não fazia qualquer sentido.
De facto, havia dois departamentos dentro do futebol de formação: um que dizia respeito aos escalões até aos Sub-14 coordenado pelo Prof. João Raimundo e por um Vice Presidente do clube, e outro dos Sub-14 até aos Sub-19 da responsabilidade de um outro Vice Presidente. Se pensarmos que depois ainda havia uma nova barreira para o futebol profissional, entendemos que eram barreiras a mais e que urgia dentro daquelas que eram as nossas competências “verticalizar” a estrutura.
Foi isso que fizemos e atento o trabalho positivo que vinha a ser desenvolvido nos escalões inferiores do nosso futebol, entendemos convidar o Prof. João Raimundo a ampliar a órbita das suas competências, coordenando sob a minha supervisão direta, todo o nosso futebol de formação.
Os resultados estão à vista. Temos garantido várias presenças em fases finais de apuramento de campeão de diversos escalões, temos colocado vários atletas nas selecções nacionais e ainda o ano passado fomos Vice-Campeões Nacionais de Juniores, um feito extraordinário para mais num momento em que sentimos grandes dificuldades no recrutamento, em virtude de não termos futebol profissional. Uma dificuldade que também nos obriga a ser criativos e a apostar por vezes em atletas mais novos mais cedo do que seria previsível, razão pela qual na actual equipa de Sub-19 Já foram convocados, nesta 1ª fase, oito atletas com idade de Juvenil e ainda na semana passada, em Coimbra, foram convocados quatro atletas Sub-17 e dois deles jogaram. São apostas que darão grandes resultados, ainda que não tão rápidos como muitos gostaríamos.
Apesar disso, somos reconhecidamente uma potência do futebol de formação em Portugal, somos entidade certificada pela FPF como formadora em futebol e transmitimos desde tenra idade aos nossos atletas uma cultura de jogador de clube grande. E isso só se consegue com qualidade no treino e com a implementação de um discurso assertivo e motivador transversal a toda a estrutura.
Mas nem tudo parece ser ouro sobre azul. Corre no Restelo a história de que este ano, em Setembro, a equipa de Iniciados A viajou num autocarro da SAD, e que se assim não fosse teria tido falta de comparência a um jogo em Torres Vedras. É verdade?
Quem colocou isso a circular não tem carácter nem dignidade.
O que se passou foi que a 17 de setembro o clube contratou um autocarro para transportar a nossa equipa de Iniciados A a Torres Vedras para o jogo desse fim de semana do Campeonato Nacional.
De resto, o clube contrata dezenas de autocarros ( é uma rúbrica que pesa muito no nosso orçamento) todos os fins-de-semana para transportar as várias equipas das várias modalidades e escalões.
Entretanto, nesse dia, antes do nosso autocarro chegar chegou ao estacionamento um autocarro descaracterizado contratado pela SAD para transportar a equipa sénior para o treino em Oeiras, segundo creio.
Os nossos atletas dos Iniciados A saíram do balneário viram um autocarro parado no estacionamento e entraram nesse autocarro, o motorista cumprimentou-os e disse-lhes: “então hoje é para Oeiras, certo?”, o nosso treinador respondeu: “não, hoje é para Torres Vedras”. O motorista disse “ok , tinha aqui que o serviço era para Oeiras, mas devem ter-se enganado” e arrancou para Torres.
Passados 10 minutos, chegou ao estacionamento o autocarro contratado pelo clube para transportar os Iniciados e eles já tinham arrancado no outro.
O autocarro da SAD deixou os miúdos em Torres e alertado pela SAD voltou para o Restelo.
Entretanto, o motorista do autocarro contratado pelo clube ligou para o Sr. Diniz, responsável do nosso futebol de formação, dizendo que estava no Restelo à espera da equipa para levar a Torres mas que não aparecia ninguém.
O nosso autocarro arrancou do Restelo vazio para ir a Torres buscar os nossos miúdos no final do jogo.
Foi rigorosamente isto que se passou e quem pôs histórias mentirosas a circular no Restelo lá sabe com que intenções é que o fez.
“Seria bom para todos se a Codecity honrasse a palavra dada e saísse pelo próprio pé”
Fala-se muito sobre as relações entre o clube e a SAD, mas aparentemente poucos são os que estão bem informados sobre o que se passa. Aceita o desafio de tentar explicar o que se passa?
Pode ser, mas então temos de ir muito atrás. Em 1999, o CFB personificou a sua equipa de futebol numa SAD por determinação legal, como fizeram todos os outros clubes.
A entrada do clube nessa sociedade foi feirta es espécie, no nosso caso transferiram-se os direitos económicos, vulgo “passe” , de todo o plantel sénior.
A lei protege os clubes fundadores através de uma série de mecanismos (direitos de veto, impenhorabilidade das acções, etc) e o clube nesta relação é o Mandante (dono da equipa e clube fundador) e a SAD e a sua Administração são os Mandatários.
Não faz sentido o que acontece no Belenenses, que é o Mandante estar totalmente afastado daquela que é gestão da sua equipa de futebol sénior profissional.
O que se passa hoje no Belenenses é uma inversão, uma perversão do espírito da lei.
O objectivo da pergunta estava mais relacionado com o perceber-se o que se passa desde a perda da maioria do capital social para a Codecity…
Em Dezembro de 2012, as partes acertaram um negócio que ficou plasmado em três documentos, que no fundo são um único contrato: Contrato de compra e venda e Acordo parassocial (estes entre clube e Codecity) e o Protocolo (este entre Clube e SAD).
Este negócio que foi acordado de boa fé e de livre vontade entre clube, os seus sócios e a Codecity contemplava uma opção de recompra mandatória por parte do clube.
Ou seja, em Dezembro de 2012, o CFB, os sócios do clube e a Codecity, de boa fé e de livre vontade, acertaram o seguinte negócio: o clube vende mas fica com uma opção de recompra da maioria do capital em duas datas pré-definidas.
Em 2012, o clube estava num estado de necessidade evidente mas, mesmo assim, os sócios só aceitaram vender porque lhes foi garantido que mais tarde o clube poderia recomprar a posição maioritária na sua SAD.
Em caso de litígio relativamente a esses contratos, estávamos obrigados a dirimir a questão num Tribunal Arbitral: foi isso que fizemos, foi esse caminho que esgotámos.
Agora estamos livres do tribunal arbitral e é tudo muito simples: a última sentença será sempre dada pelos sócios do clube, no final do dia serão os sócios a decidir o que querem para o seu clube e para o futuro.
E os sócios é que vão decidir o que querem de um de dois caminhos:
1) A Codecity fica para sempre no Restelo ficando o CF Belenenses a financiar a operação da SAD, nada recebendo pelo Estádio, pagando a água, o gás, a electricidade e tudo o mais, não recebendo direitos de formação dos seus atletas, nada recebendo a título de contrapartida/renda pela utilização do estádio, nada recebendo em caso de venda desses atletas, encaixando os sucessivos desrespeitos da Codecity para com o clube e os seus sócios.
2) ou o CFB escolhe um caminho alternativo que oportunamente será apresentado aos sócios numa AG especialmente convocada para esse efeito. É nesse caminho que estamos a trabalhar porque acreditamos que manter o atual status quo acabará por matar o clube.
A seu ver o divórcio é, então, inevitável?
Até essa AG extraordinária tudo está em aberto, inclusive CF Belenenses e Codecity voltarem a assinar um acordo parassocial que contemple as matérias acordadas em 2012 e um novo protocolo, este entre o clube e SAD, mais equilibrado e que seja possível interpretar.
O clube e os sócios ouviram as palavras do líder da Codecity no passado dia 8 de Novembro dizendo que estão disponíveis para celebrar um novo Acordo Parassocial, e o clube está, como sempre esteve, disponível para isso desde que se respeitem, volto a repetir, as bases essenciais do negócio celebrado em 2012.
Portanto, tudo depende de a Codecity querer fazê-lo e para isso é preciso que dê sinais claros e de forma muito célere dessa intenção, nomeadamente enviando ao clube as minutas contendo as suas propostas para servirem de base de trabalho.
O que cavou o fosso actual entre as partes?
Esta questão tem muito a ver com o caráter, com a honra, com a palavra e com a assinatura dadas em 2012, para nós é impensável que o acordado em 2012 não seja cumprido.
O fosso começou a ser cavado logo de ínicio pela Codecity com a anterior Direcção do clube, acentuou-se a partir de Abril de 2014 com a resolução unilateral do Acordo Parassocial e depois a Codecity tendo tido a possibilidade real de conseguir uma aproximação de novo ao clube após a nossa chegada nunca esteve realmente interessada e empenhada nisso.
Tem-se revelado materialmente impossível fazer contas com a SAD com esta administração da Codecity.
Não se percebe esta gestão, sem fan engagement, afastando e hostilizando sócios, chegando-se ao ponto de haver um ambiente quase esquizofrénico nos jogos do Restelo já que muitos dos poucos sócios e adeptos que neste momento vão aos jogos estão lá a gritar contra a Codecity, num sentimento agridoce por quererem que a sua equipa ganhe, mas por quererem também que ao mesmo tempo que a Codecity saia do Restelo.
Repetindo a primeira pergunta. O divórcio parece-lhe então inevitável?
A Codecity não tem margem para ficar no Belenenses. Penso que a própria Codecity e as pessoas que a representam percebem isso porque é impossível que não se sintam indesejados pela massa associativa e pelos adeptos. Por isso, era óptimo que saíssem a bem, pelo seu pé, que honrassem a palavra dada. Seria bom para todos.
Que se fizessem contas e que as pessoas entregassem o futebol aos sócios do clube.
Tudo seria mais fácil se o Tribunal Arbitral tivesse decidido como todos esperavámos que a resolução do parassocial tinha sido inválida o que nos permitiria agora, até final de Janeiro de 2018, exercer a recompra tranquilamente, e acredito todas as partes ficariam satisfeitas incluíndo a parte mais importante que são os sócios do clube.
É hora do clube e os seus sócios decidirem conscientemente o que querem e como querem. Será dada a palavra aos sócios naquele que é o verdadeiro supremo tribunal: A Assembleia Geral de sócios do clube.