O presidente do Belenenses, Patrick Morais de Carvalho, explicou no final da Assembleia Geral que neste momento existem três vias em aberto para o futuro da SAD, nomeadamente no que diz respeito à relação institucional entre o clube e a empresa que detém 51 por cento das acções da SAD, a Codecity.

“Oiço dizer que o Belenenses está em guerra com a SAD, mas isso é totalmente falso. A SAD é nossa, é a equipa de futebol do Belenenses. O que se passa, e usando uma metáfora para me melhor explicar, é que a SAD é a nossa filha e neste momento está sequestrada pela Codecity, que tomou conta dela durante uns tempos e se recusa a devolvê-la. Se há um problema institucional, e só institucional, é com a empresa Codecity, nunca com a SAD, pois, repito, a SAD foi criada pela personificação da equipa de futebol do clube, em 1999, por determinação legal, sendo que não existem dúvidas de que a equipa sénior é filha do clube”, começou por esclarecer o presidente do clube.

Na Assembleia Geral foram apresentadas as conclusões e reflexões sobre os processos julgados em Tribunal Arbitral relativos à conta corrente entre clube e SAD e ainda relativamente à resolução de forma unilateral pela Codecity do Acordo Parassocial – que regulava, entre outras, a possibilidade de o Clube recomprar a maioria das acções em duas janelas temporais, a última das quais decorre até janeiro de 2018.

Patrick Morais de Carvalho fez uma exposição pormenorizada, incluindo explicações de documentos apresentados, e 14 sócios inscreveram-se para falar à Assembleia.

De entre os discursos notaram-se duas linhas de pensamento dominantes. Uma recusando a ideia de que o Clube de Futebol “Os Belenenses” possa vir a competir nos escalões amadores, mas que ainda assim não quer a continuação da empresa Codecity no Universo Belenenses, e outra exigindo a imediata renúncia ao protocolo que rege direitos e deveres entre Clube e SAD.

A direcção do Clube de Futebol “Os Belenenses” anunciou que está neste momento a documentar-se e a trabalhar com equipas de especialistas no sentido de apresentar em breve os caminhos que podem vir a ser seguidos, algo que, prometeu Patrick Morais de Carvalho, será feito numa reunião com os sócios e à qual se seguirá um período entre 7 e 10 dias para reflexão e debate, período esse que antecederá uma AG deliberativa.

 

“Na Assembleia Geral deliberativa poderá haver três situações

Há três possibilidades em aberto, que se dividem em dois caminhos, explicou o presidente.

“Na Assembleia Geral deliberativa poderá haver três situações:

– A primeira é que os sócios decidam que tudo fica como está na relação entre Clube e Codecity e que o Belenenses deixa de ter, por força das decisões de tribunal e da decisão dos sócios, qualquer possibilidade futura de garantir a recompra das acções. Se tal acontecer, por disso discordar, a direcção demitir-se-á e novos corpos sociais poderão então assumi-lo.

– A segunda, que está ainda em estudo e que será proposta pela direcção e devidamente explicada aos sócios no período mais curto possível de tempo passará pela total mudança de paradigma da relação entre as partes. Não é possível o clube continuar a financiar a actividade de uma empresa privada, não recebendo os pagamentos de água, luz, gaz e outros recursos, nada receber a título de contrapartida pela utilização do Estádio do Restelo, continuar a nada receber de direitos de formação dos atletas que forma, já que tem sido materialmente impossível fazer contas tendo por base os acordos existentes. Esta solução implicará sempre um corte em moldes a votar pelos sócios.

– Há ainda uma terceira via, que seria a desejável para todas as partes. Se até à data da AG deliberativa a Codecity aceitar assinar um novo acordo parassocial que respeite o acordado em 2012 com os sócios do clube a questão fica encerrada. Atendendo ao facto de responsáveis da Codecity terem, após decisão do Tribunal Arbitral, manifestado disponibilidade para negociar novo acordo parassocial, o clube abriu então outra via. O Belenenses enviou uma carta para o accionista maioritário da SAD dando conta de que, com boa fé negocial, ficava a aguardar o envio de minuta de um novo acordo parassocial, fiel ao espírito do entretanto anulado pela Codecity, bem como de um novo protocolo de direitos e deveres que permitisse refundar o relacionamento entre as partes. Se tal vier a acontecer, nesse caso a Assembleia Geral deliberativa teria como ponto principal a votação, pelos sócios, dos novos acordos”.