Miguel Fernandes, 33 anos, tornou-se adepto do Belenenses por influência de um seu Avô e atleta também por causa dos amigos. Nunca jogou noutro clube que não o Belenenses – “nem isso alguma vez me passou pela cabeça” -, sendo senhor de um palmarés invejável: duas vezes Campeão Nacional, conquistou a Taça de Portugal e três Super Taças. Acredita que o nosso quinze “tem um futuro auspicioso pela frente”.
Quais as tuas ligações ao Belenenses e como te tornaste adepto do nosso Clube? Vens de uma família 100% Belenenses?
A minha maior influência belenense é sem dúvida o meu Avô Vergílio, adepto desde sempre e que cedo me deu a conhecer este clube. Ainda me lembro de brincar com a Cruz de prata que recebeu pelos 25 anos de sócio. Era aliás a única influência porque mais ninguém na minha família era do Belenenses. A ajudar a isto tinha ainda muitos amigos do Belenenses que me trouxeram para dentro do clube, como bons belenenses que eram.
Como foi o teu percurso como atleta ao serviço do Belenenses? Começaste cedo?
Comecei a jogar rugby no Belenenses com 14 anos. Não se pode dizer que tenha sido cedo, até porque a maior parte dos que vieram a jogar comigo a vida inteira já tinham começado bem mais cedo. Na altura estudava na Secundária do Restelo e muitos dos meus amigos jogavam no Belém. A minha ida a um primeiro treino era uma questão de tempo e não demorou muito. Antes de chegar aos seniores, a minha equipa foi campeã nacional e ibérica de juniores e depois nos seniores fomos duas vezes campeões nacionais (2002/2003 e 2007/2008), ganhámos uma Taça de Portugal (2000/2001) e três Super Taças. Na variante de rugby de sete fomos campeões três vezes.
Qual a sensação de representar o clube do coração? Tem alguma sensação diferente? Mais forte?
Poder jogar pelo Belenenses é um dos maiores orgulhos que tenho na vida. Acredito que a mística do Belém vem das pessoas que nele participam, dos miúdos que vêm ao estádio pela primeira vez aos mais velhos que já tanto deram ao clube. Adeptos, jogadores, direcções, todos fazem parte de uma família beleneses muito forte. Acresce a isto o nosso símbolo e as nossas cores, que por si só nos inspiram. A Cruz de Cristo, que em tempos seguiu nas Caravelas Descobridoras, tem um peso enorme na forma como se vive este clube e a sua força é inegável, mesmo por não adeptos. Poder representar tudo isto dentro de campo é uma sensação especial, um sentido de realização inigualável e, principalmente, faz-me ver como sou pequeno ao mesmo tempo que me eleva a um ponto de total satisfação.
E a responsabilidade? É maior?
Não sei se a responsabilidade é maior, porque nunca joguei noutro clube, nem isso alguma vez me passou pela cabeça. O que posso dizer é que isto é uma paixão, e esse é o maior e o mais forte dos compromissos. É emocional e, como qualquer paixão, deixa-nos ligados e focados na melhor forma de dar tudo o que temos para melhorar e proteger o objecto dessa paixão, neste caso o Belenenses.
Tinha 17 anos quando joguei pelos seniores pela 1ª vez. Olhava para os jogadores mais velhos como referências e muito do que sinto hoje por este clube foi-me passado por eles e pela maneira como também eles sentiam o Belenenses. Essa é a maior responsabilidade, passar os valores do clube aos atletas mais novos e esperar que venham a gostar tanto de jogar aqui como nós, mais velhos. E isto não é fácil, garanto.
Por fim, como analisas o desempenho da equipa de Rugby nesta temporada, uma modalidade em que os adeptos estão muito habituados a muitas vitórias do nosso “quinze”? Estamos a construir uma grande equipa com base em muita juventude e é preciso dar tempo ao tempo?
Sem dúvida. A equipa sénior está agora numa fase de transição e de reconstrução. Não tenho a certeza de quantos jogadores experientes terão saído nos últimos dois anos, mas seguramente mais de quinze. São muitas saídas e é natural que isso se reflicta nos nossos resultados, mas não podemos desanimar. Pelo contrário, acho que esta é uma fase importante e muito motivadora, em que temos que meter mãos à obra para ganhar uma nova equipa. Temos muitos atletas com enorme valor a aparecer e há que lhes dar tempo para se afirmarem. Claro que queremos continuar a ganhar e isso tem acontecido menos vezes do que gostaríamos, mas acredito que em breve poderemos melhorar. A nossa equipa é jovem e tem um futuro auspicioso pela frente, só têm de acreditar nisso e treinar mais e melhor para que os resultados apareçam.
Aproveito para agradecer esta oportunidade que me deram para falar sobre o meu Belenenses, e para desejar a todos um excelente ano de 2015. Saudações azuis e viva o Belém!