jose_ferreira_atletismo_pJosé Ferreira, 35 anos, um dos atletas mais conhecidos do nosso Atletismo, voltou esta época a representar as cores do Belenenses, cumprindo novamente o sonho de representar o Clube do seu coração, depois de já ter representado anteriormente as nossas cores. Para além de atleta, José Ferreira já exerceu funções no nosso Clube, nomeadamente colaborando como seccionista e treinador nesta secção, e ajudando actualmente a secção de basquetebol.

– Quais as tuas ligações ao Belenenses e como te tornaste adepto do nosso Clube?
Nem eu sei como tornei adepto do clube, fui feito sócio pelo malogrado Prof. Pintassilgo da natação, vizinho da minha avó e desde novo comecei a frequentar o nosso complexo desportivo.
Tive a sorte de crescer na mesma Era em que tivemos as equipas de futebol que ganharam ao Barcelona e Bayer Leverkusen, a Taça, e que ficou em 3º lugar, a equipa de andebol que ganhou o campeonato e as belas equipas de basquetebol e de rugby.
Assim tornou-se mais fácil e como a vida e os amigos eram e alguns ainda são belenenses essa paixão foi-se cimentando e solidificando até hoje.

– Para além de seres adepto e sócio do Belenenses, tens outros familiares sócios ou adeptos do Belenenses?
Todos em casa somos belenenses, por razões económicas e perante o estado em que se encontra o país nem todos somos sócios infelizmente, pois há outras prioridades económicas. Espero um dia poder voltar a ter a família toda sócia do clube.

– Como foi o teu percurso como atleta ao serviço do Belenenses?
O meu percurso como atleta no clube iniciou-se aos 13 anos em 1994. Na altura corria por mim na equipa do metropolitano de Lisboa, e um amigo meu que fazia pólo no clube informou-me que também havia atletismo no Belém, como não tenho jeito nenhum para futebol, o meu pai (também ele praticante no clube) incentivou-me a tentar a sorte no clube. Foi assim que me iniciei.
Nesse mesmo ano ganho os jogos de Lisboa, sou campeão regional na estafeta de 4×400 e sou vice campeão nos 800 metros na categoria de juvenil.
Sou chamado à equipa de Juniores que é 3ª no nacional e sou convocado como suplente para a equipa de Seniores que fica em 3º lugar atrás de Benfica e Sporting.
No ano a seguir sou Campeão nacional de 4×400, Campeão regional de 1500 e 4×400 e 3º nos 800 no escalão de juvenis, e 7º no nacional desse ano.
Volto a representar a equipa de Juniores e a ser suplente nos seniores.
Foi então que se deu a minha primeira saída do clube. Na altura tinha acabado a presidência do Srº Matias e como todos sabemos os tempos do clube não foram fáceis e tive de abandonar em busca de melhores condições.
Estive 4 anos fora como atleta, mas presente como treinador de atletas e como ajudante na secção.
Com o Presidente Cabral Ferreira volto a competir pelo clube, mas apenas com ambições individuais pois na altura não havia equipa para competir, foi um ano de êxitos. Venci tudo o que havia para vencer mas faltou aquela vitória como equipa, o sentimento não era o ideal, não havia apoio, não havia o espírito ganhador e lutador dos anos anteriores. Foi-me prometido que no ano seguinte haveria uma equipa, e que ficasse para integrar os novos atletas no clube, foi o que fiz mas as coisas não correram bem, fomos parar à 2ª divisão e lá como favoritos fomos apenas 5º com muitos erros na escolha dos atletas.
Decidi sair. E nesse ano foi o que custou mais. Ganhei muito a nível monetário e de apoios, fui internacional e campeão nacional e regional dos Açores. Mas foi muito duro competir contra o meu clube do coração.
Sei bem o que vale um título para uma modalidade no nosso clube, onde só se vê futebol pela frente. Altura em que o projecto Ramos Lopes queria acabar com a pista e com o atletismo, o nosso clube poderia tornar-se campeão nacional, mas na altura tive de ser profissional e ao serviço do Operário dos Açores fomos campeões nacionais da 2ª divisão, batendo o Belenenses por 2 pontos na ultima prova. Não fui ao pódio levantar a taça, não festejei e saí do Estádio do Fontelo em lágrimas.
Depois disso abandonei o atletismo de competição até à época passada num interregno de quase 8 anos. Nesse espaço de tempo fui sempre ajudando a secção e outras secções do clube como rugby e mais recentemente o Basquetebol.

– Qual a sensação de representar o clube do coração? Tem alguma sensação diferente? Mais forte?
Competir por algo que gostamos tem um sabor especial. Agora o significado é diferente de quando tinha 13 anos. Nessa idade entrar no estádio onde na altura só via pela bancada, poder pisar a relva e a pista onde os meus ídolos jogavam e treinavam era um sonho.
Representar o clube era um sonho tornando realidade, e vencer pelo clube contra os outros grandes de Lisboa era sinal de que somos melhores que eles.
Agora tem um sentimento de Nostalgia, voltar a ser colega de equipa de muitos daqueles que fizeram história no clube e de muitos que sendo mais velhos me ensinaram o que é representar o BELENENSES mostrando assim que o nosso clube está vivo a nível do atletismo.

– E a responsabilidade? É maior?
A responsabilidade agora passa por divulgar a modalidade, tentar trazer mais atletas ao clube ao mesmo tempo que a tentamos tornar mais visível nas provas em que participamos.
Foi com esta missão que voltei ao clube. Comigo vieram o meu treinador e mais dois colegas de treino para ajudar nesta missão.
Quanto a nível de resultados, sendo eu um competidor nato, claro que sendo conhecido por muitos sócios e alguns dirigentes do clube, não me passa ao lado a responsabilidade de voltar a colocar o nome do clube bem no alto, é para isso que treino e me esforço em todas as provas em que participo.

– Para terminar, quais os teus objectivos pessoais para esta época?
Quando iniciei esta época ainda sem saber se voltava a representar o clube, tinha já como objectivo a ida ao Mundial na Categoria de Master em Lyon em Agosto, à prova da maratona.
Sendo um campeonato em que todas as despesas ficam a cargo do atleta, penso que poderei dizer que estarei presente.
Agora resta saber se irei mesmo à Maratona ou a outra prova, pois treinar para 42km equivale a muitas horas de treino e de descanso, coisa que com o meu trabalho (vigilante aeroportuário) não é coisa que consiga muito.
A nível interno venho para ajudar o clube a revalidar o título de pista coberta e a ser campeão de ar livre nesta categoria.