6 de Setembro de 1943 – Morre Artur José Pereira, principal Fundador do Belenenses

5 de Setembro de 2014

É o Dia da Saudade, como decidido logo a seguir à data fatídica. Foi realmente nesta data que faleceu o nosso principal fundador, aquele a quem, nas palavras de Acácio Rosa, devemos “o ideal que tão apaixonadamente vive nos nossos corações”. Morreu jovem, aos 53 anos, com uma doença pulmonar. Mas, como alguém escreveu: “Quem o matou foi o Amor, o Amor que ele, ao longo da vida, nunca deixou de procurar”.

Apaixonado por Belém e pelo futebol, Artur José Pereira começou por jogar no Sport Lisboa e Benfica, pois este clube resultara da fusão do Sport Lisboa, nascido e crescido em Belém, e do Grupo Sport Benfica.

Mais tarde, no meio de umas desavenças, transferiu-se para o clube que o Visconde de Alvalade permitira criar: o Sporting Clube de Portugal.

Mas, à medida que se ia aproximando o fim da sua carreira futebolística, Artur José sentia crescer mais e mais o desgosto de não haver um clube genuinamente belenense. O Sport Lisboa tinha perdido esse carácter, a União Belenenses ficara pelo caminho. Até que… saiu do Sporting (procurando, todavia, não magoar a figura, também admirável, que era o capitão daquele clube, Francisco Stromp), para fundar um clube em Belém e de Belém. E o sonho de uma noite de Verão, num jardim da Praça Afonso de Albuquerque, deu origem, finalmente, ao nosso querido Clube de Futebol Os Belenenses. Entre os outros fundadores estavam o seu irmão Francisco Pereira, Carlos Sobral, Joaquim Dias, Júlio Teixeira Gomes, Manuel Veloso, Romualdo Bogalho e Henrique Costa (a quem cedeu a honra de ser o sócio nº 1). Cumpria-se o desígnio de Artur José Pereira: “Somos todos de Belém, porque havemos de jogar noutros”? O Engenheiro Reis Gonçalves veio a ser o primeiro Presidente da Direcção.

É a Artur José Pereira e aos seus pares fundadores que devemos esta ventura, esta lição de vida, de dignidade, e de resistência, que é ser do Belenenses; que devemos a alternativa, tão bela e tão nossa, de não ser nem do Benfica nem do Sporting mas, sim, de algo de muito mais imenso e corajoso – e essa alternativa, essa ousadia rebelde de ser diferente, é, a nosso ver, algo que o Belenenses precisa, urgentemente, de explorar em termos de imagem e projecção.

Artur José era um senhor; mas, ao mesmo tempo, era um homem rebelde, ousado, livre e independente. Por vezes, pensamos como o gostaríamos de o ver, novamente, entre nós, empunhando essa bandeira de independência e de espírito de conquista, reavivando um Belenenses forte, desafiador e altaneiro!

Um quarto de século depois de ter terminado a sua carreira (já no seu Belenenses), Artur José Pereira era ainda considerando o melhor futebolista português de todos os tempos. Depois, como treinador, ao serviço do Belenenses, lançou inúmeros jogadores para a ribalta do futebol português.

Se como jogador, nos 3 anos em que representou o Belenenses (retirou-se em Março de 1922), não conseguiu nenhum título oficial (embora tivesse sido duas vezes Vice-Campeão de Lisboa, na que era então a mais importante competição do país), como treinador do nosso Clube, a coisa foi bem diferente. Sob o seu comando, conquistámos 3 Campeonatos de Portugal e 4 Campeonatos de Lisboa, tornando-nos uma potência futebolística.

O clube que nascera humildemente num branco de jardim, criado pelos simples rapazes da praia (como eram conhecidos), no bairro pobre de Belém (tão diferente do que é hoje!), cujos primeiros jogadores se equipavam na humilde casinha de um deles, com equipamentos feitos à mão por familiares, foi pelo país e pelo mundo fora. O Belenenses tem filiais, núcleos e delegações em 4 continentes!

Durante a sua carreira, a selecção nacional só disputou um jogo (justamente o seu primeiro). Artur José, juntamente com o seu irmão Francisco e outro jogador do Belenenses (Alberto Rio), foi convocado. Mas foi tal a campanha que alguns dos nossos adversários já instalados lançaram, com repercussões na imprensa (já naqueles tempos tínhamos esses “amigos”; mas, ao menos, esses não disfarçavam o azedume que nos tinham), que os três acabaram por renunciar a participar no jogo.

Na verdade, o Belenenses nasceu e fez-se forte contra muitas oposições. A alma grandiosa que nos fez resistir e tudo superar, simboliza-a Artur José Pereira mais do que ninguém.

JMA

PARTILHAR NOTÍCIA

Notícias Relacionadas

Belenenses lança Portal da Transparência

Belenenses lança Portal da Transparência

No âmbito dos seus canais digitais de comunicação com os associados, o Belenenses lança o “Portal da Transparência”, um que pretende que venha a ser um relevante repositório de informação do Clube e da sua SDUQ, uma área onde disponibilizará publicamente informação...

SideMenu