Campeão de Lisboa em 1943 e 1945, vencedor da Taça de Portugal de 1942, e finalista das de 1941 e 1948, Campeão Nacional em 1946, e, no ano seguinte, considerado, em França, como o melhor defesa central da Europa (!), jogador elegante e eficientíssimo, Feliciano tem um lugar proeminente na galeria de notáveis do Belenenses, que representou de 1939 a 1954. Foi descoberto por outro grande vulto da nossa história, Alejandro Scopelli.
Juntamente com Capela e Vasco Oliveira – e, noutras versões, com Serafim das Neves – integrava as celebérrimas Torres de Belém, que garantiam a solidez defensiva do Belenenses. Por alguma razão a defesa do Belenenses foi a melhor nos Campeonatos de 1940/41, 1942/43, 1945/46, 1946/47 e 1947/48 e a segunda melhor em 1941/42, 1944/45 e 1951/52… Ficaram famosos, e marcaram época no futebol Português, os duelos entre as Torres de Belém e os Cinco Violinos do Sporting.
A festa de despedida de Feliciano, foi no mesmo dia, e em conjunto, com Rogério Carvalho “Pipi”, do Benfica. Ambos eram, e são jogadores lendários.
Na fotografia abaixo, entre os dois, aparece Travaços, um dos maiores jogadores de sempre do Sporting e de Portugal. Noutras fotografias, aparece também o Virgílio, figura grande do F.C.Porto. Reuniam-se alguns dos “mitos” dos 4 grandes do Futebol Português, que o nosso clube por aceitação geral e indiscutível, integrava. Esta imagem, em que a dignidade imperial de Feliciano (direita) se impõe a duas outras figuras de grande destaque do futebol nacional, simboliza o grande Belenenses de então, que queremos restaurar: lado a lado entre os maiores, como um entre iguais.
É importante realçar que Vicente se estreou no Belenenses justamente no dia da festa de despedida de Feliciano. E, sem que na altura se suspeitasse, tal constituiu de certa forma uma passagem de testemunho, pois, começando a sua carreira a médio, Vicente acabaria por derivar para funções mais defensivas, semelhantes às de Feliciano. Era a tal cadeia dourada de fabulosos jogadores do Belenenses: o testemunho de um grande era tomado por outro grande, grande no Belenenses e grande no Futebol Português.
Feliciano foi 14 vezes internacional – num tempo em que os confrontos internacionais ainda rareavam, isso corresponderia a 70 ou 80 nos nossos dias… Numa dessas ocasiões, no onze nacional, cinco jogadores eram do Belenenses! A sua estreia teve lugar em 6 de Maio de 1945, em jogo com a Espanha. Estiveram a ainda presentes nesse jogo mais 3 jogadores do Belenenses: Mariano Amaro, Artur Quaresma e Rafael Correia.
No Belenenses, a sua estreia tinha ocorrido em 29 de Setembro de 1940. Foi, portanto, uma década e meia a servir o nosso clube. A dado passo da sua carreira teve a oportunidade de fazer o contrato da sua vida, na sequência de uma excelente proposta do Celta de Vigo. O coração falou mais alto e… Feliciano ficou no Belenenses!
JMA