Na sequência da boa época anterior, o Belenenses voltava à participação em grandes torneios internacionais, como no passado fizera no Príncipe de Espanha, no Ramón Carranza, no de Nova Iorque e em tantos outros.

Valerá a pena remeter para o artigo de 29 de Julho, sobre o Torneio de Casablanca. O nosso triunfo, para além de prestigiante, deu boas indicações; mas continuava a dificuldade de suprir a saída de jogadores muito influentes na época anterior. Por outro lado, nas meias-finais íamos defrontar nem mais nem menos do que o Real Madrid. O nome deste opositor metia respeito, mesmo se o saldo histórico dos nossos confrontos com “o clube mais vitorioso de todo século XX” é bastante airoso, como veremos em artigo a publicar sobre a inauguração do seu Estádio Quanto a tal aspecto, foi agradável ver as referências dos jornais espanhóis a esse acontecimento, incluindo a entrevista a um jogador madrileno sobrevivo que lembrava que o Belenenses era um adversário forte e com força a nível europeu.

Acorreram bastantes adeptos do Belenenses à Corunha: no primeiro jogo, com o Real Madrid, estariam perto de 200 “pastéis”, com a Fúria Azul em excelente número e com presença muito marcante.

E vamos às partidas. O jogo com o Real Madrid era também um teste importante para ver como nos poderíamos haver na Taça Uefa – cujo sorteio, dias antes, nos destinara nada mais, nada menos do que outro potentado, o Bayern de Munique.

A verdade é que, apesar do nome e da força do opositor, o jogo foi totalmente equilibrado.

O Belenenses em nenhum momento foi inferior à equipa espanhola. Por isso, o jogo chegou a escassos segundos dos 90m empatado, sem golos. Foi nesta altura que surgiu o completamente inesperado: o nosso guarda-redes, numa intervenção infeliz, deixou escapar para dentro da baliza um remate de todo inofensivo de um jogador madridista. Foi um golpe duro: era a derrota, e o afastamento da final. Ficava somente a convicção de que a nossa equipa tinha estado perfeitamente à altura, gerando até a admiração generalizada.

Não se pense que o “Real” actuou com uma segunda linha ou algo de género. No seu onze alinharam jogadores como Casillas, Sérgio Ramos, Canavarro, Pepe, Robinho, Gutti, Saviola e Raul.

A noite que se seguiu e a parte do dia anterior ao jogo com o Atalanta, a meio da tarde, foi de convívio inesquecível entre os adeptos azuis que ficaram para o segundo jogo.

No jogo Belenenses – Atalanta (equipa do meio da tabela de Itália), o cansaço de ambas as equipas, que tinham jogado menos de 24 horas antes, foi bastante evidente. De qualquer maneira, foi o Belenenses a levar a melhor, e com toda a justiça, assegurando o 3o lugar.

Cerca dos 12 minutos, o Belenenses adiantou-se, por intermédio de Rafael Bastos. Os italianos empataram ainda antes do intervalo. Já na 2a parte, Roncatto fez o 2-1 final para o Belenenses.

Ambos os golos foram de jogadores chegados nessa pré-época.

Logo após o fim do jogo, houve lugar a alegria e… tristeza. As exibições tinham sido positivas, tínhamos feito boa figura e a última partida terminara com uma vitória – motivos de satisfação. Só que, entretanto, alguns jogadores e responsáveis, com a taça do 3o lugar, vieram saudar os adeptos, para os quais, a certa altura, o então Presidente Armando Cabral Ferreira correu com o troféu no ar. A corrida foi breve, porém; e isso, mais o seu estado debilitado, tornaram evidente a gravidade da doença que o veio a vitimar meses depois, provocando um verdadeiro choque nos presentes.