O ano de 1982 foi terrível para todos os Belenenses que o viveram. É algo de indescritível e que nunca mais esqueceremos, por mais que 32 anos volvidos pareça que o que aconteceu nesse dia foi uma coisa que se tornaria banal aos «acomodados do sistema». Mesmo quem não o viveu, não era nascido ou não tinha consciência ou percepção o que significou, bastaria gostar do Belenenses e beber a sua história e feitos para o entender – ou pelo menos tentar.

O Belenenses descera de divisão (em Futebol), pela primeira vez na sua história. Acontecera o impensável! No entanto pulsava, vibrava e reagia. Revoltava-se, tinha honra e orgulho. Mobilizava-se, recuperava massa associativa, mesmo no clima mais adverso, mesmo no completo descalabro financeiro.

Prova disto era a vitalidade de modalidades amadoras. Neste caso o Andebol. Nesta data a conquista da Taça de Portugal. A terceira em três presenças na final, à 11ª edição.

O Belenenses vencerá já na terceira edição, em 1973/74, cuja final foi disputada em Faro, frente ao Benfica, por 17-14. Quatro anos volvidos, em 1977/78, venceria o Oriental em Leiria, por 33-12, naquela que foi a maior diferença de golos registada em finais da competição.

À terceira, disputada neste ano em Cascais, a «fava» coube novamente ao Benfica (que pouco antes se sagrara Campeão Nacional), que saiu derrotado por 26-24. No caminho, o Belenenses já eliminara o Sporting (30-27), o CDUL (40-22), o Vitória de Setúbal (32-27) e a Académica (28-19).

No jogo decisivo, o Belenenses, então treinado por Fonte Santa, apenas por uma vez esteve atrás no marcador. Foi aos sete minutos com o resultado em 3-2. No entanto foi um jogo muito emotivo e equilibrado, com uma curta vantagem de três golos ao intervalo (11-14) o que está bem patente na marcha do marcador:
0-1; 1-1; 1-2; 3-2; 3-4; 4-4; 4-7; 6-7; 6-8; 7-8; 7-9; 8-9; 8-11; 10-11; 10-13; 11-13; 11-16; 12-16; 12-17; 14-17; 14-18; 16-18; 16-19; 17-19; 17-20; 19-20; 20-22; 22-22; 22-23; 23-23; 23-24; 24-24; 24-26.

Final dramático, com o Benfica a igualar o marcador a 22 golos aos 28 minutos da segunda parte. Só no último minuto e com o jogo empatado a 24 golos, o Belenenses resolveu a questão com dois golos de rajada por Espadinha e Mendonça, num final electrizante e perante uma massa belenense assinalável e muito activa no apoio da equipa. Foi um resultado justo apesar da excelente réplica dada pelo adversário, o que só valorizou a vitória do Belenenses. E foi uma bem merecida recompensa para todos e uma festa tremenda no final.

Pelo Belenenses, alinharam nesta partida: Prezado (Valverde); Filipe, Guerreiro (1), Mendes (4), Veiga, Napoleão, Ricardo (2), Hernâni (7, com 3 de «penalty»); Mendonça (4), Bento (3) e Espadinha (5). Participaram também na caminhada vitoriosa, apesar de não terem alinhado na final: Raúl (guarda-redes); Peixoto (segunda-linha); Nascimento (segunda-linha); Diegues (primeira-linha); Guerreiro (primeira-linha) e Florêncio (primeira-linha). Um plantel jovem, com uma média de 24 anos de idade. O Belenenses estava vivo!

NG