Nesta data, Portugal venceu a URSS por 2-1 e concluiu a fase final do Campeonato do Mundo de Futebol, disputada em Inglaterra. Foi a nossa melhor classificação de sempre.
A carreira de Portugal foi brilhante. Na fase de grupos, venceu sucessivamente a Hungria, por 3-1, a Bulgária, por 3-0 e o Brasil (campeão em título) por 3-1. Nos quartos-de-final, superou a Coreia do Norte por 5-3, depois de ter estado a perder por 3-0. Só nas meias-finais baqueou – perante a Inglaterra por 2-1.
Há uma tendência para resumir esta Selecção a Eusébio. Sem desmerecer o valor e a contribuição notável desse grande jogador, há bastante injustiça nessa exagerada individualização, pois havia muitos outros elementos de grande qualidade entre os “Magriços”. E não se julgue que nos deixamos turvar por clubismos, pois teremos que referir, por exemplo, os benfiquistas Simões, José Augusto, Torres e Coluna (o grande capitão) ou o sportinguista Hilário. Mas, claro, lá estavam ainda os dois jogadores do Belenenses, José Pereira e Vicente (por curiosidade, Morais, o do célebre “canto”, embora representando o Sporting, era adepto…do Belenenses).
Entre os esteios da equipa não pode deixar de se incluir Vicente. De tal forma assim foi, que ficou no ar a pergunta: se Vicente não tivesse ficado impedido, por lesão, de disputar os dois últimos jogos, não teria sido Portugal o Campeão do Mundo? A única derrota dos Lusitanos foi perante a Selecção da “Casa”, que tinha esse elemento a favor, e que tinha Bobby Charlton, autor dos seus dois golos. Era este que, normalmente, Vicente iria marcar e, provavelmente, anular…
José Pereira não terá estado em plano tão elevado mas exibiu-se á altura. E se Portugal se qualificou para a Fase Final, muito deve a José Pereira: Num jogo que se tornou decisivo, Portugal venceu na Checoslováquia por 1-0. Foi uma jornada épica, com a nossa selecção reduzida a 10, e o “Pássaro Azul” – o cognome que celebrava os voos extraordinários de José Pereira – a defender tudo, incluindo um penalty.
Depois do Mundial, as coisas não correram muito bem para os dois jogadores do Belenenses. Escassas semanas depois, Vicente foi vítima de acidente de automóvel, que o fez perder a vista e dar por terminada a sua carreira futebolística. Foi um golpe para o Belenenses e para Portugal, cuja Selecção não mais pôde representar, como fizera por 20 vezes. Quanto a José Pereira, ainda fez mais dois jogos por Portugal, chegando às 11 internacionalizações. Mas, no final da época de 66/67, já acusando alguma veterania (36 anos) e alguma injustiça, deixou o Belenenses, rumo ao Beira-Mar.