Esta época foi verdadeiramente gloriosa para o Basquetebol Azul. Não se ficando pelo “simples” repetir de 1939, ano em que o Belenenses conquistou pela primeira vez o Campeonato de Portugal (na verdade, tanto no Sector Masculino como no Sector Feminino!), nesta época de 1944/45 o Belenenses arrebatou tudo o que havia para arrebatar no que a competições oficiais diz respeito:

. Campeão Nacional da Primeira Divisão: vencedor na primeira categoria.
. Taça de Portugal (então designada “Taça de Honra”): vencedor na primeira categoria.
. Campeão de Lisboa: vencedor nas três categorias Seniores e em Juniores.


Valemo-nos de Acácio Rosa e do seu inestimável registo para referir os muitos jogadores que contribuíram para este avolumar de títulos:

Primeira Categoria: Adriano Natividade, Afonso Domingues, António Esteves, Carlos Câmara e Sousa, João da Cruz, João Mendes, José Domingues, Manuel Ceia, Natálio Pereira, Rómulo Trindade e Valério Pacheco.

Segunda Categoria: Alberto Marvanejo, Augusto Correia, Artur Gomes Carlos Veloso, Carlos Casaca, Jerónimo Soares, José Domingues, Manuel Cardoso, Natálio Pereira, Octávio Pisabarro e Rómulo Trindade.

Terceira Categoria: Amador Duran, António Lucas, Artur Gomes, Bernardo Câmara e Sousa, Carlos Carvalho, Carlos Casaca, Jorge Marques, José Bicho, Joaquim Varela Marques, João Marques e Jerónimo Soares.

Juniores: Alberto Coelho, Américo Vaz, António Jacinto, Aventando Inglês, Carlos Sequeira, Eduardo Câmara e Sousa, João Barradas, João Espada Duarte, Mário Charrua e Victor Rosa.

Ainda Acácio Rosa, no seu livro Factos, Nomes e Números, 1919-60, cita Ricardo Ornelas, “crítico imparcial e sereno”, jornalista do Diário Popular:

”A extraordinária proeza do Belenenses na Época do Basket-Ball. Parece que mais ganharia se mais provas houvesse.


Terminou ontem a época de 1944-45 do «basketball» e com ela a temporada mais extraordinária que um clube, na modalidade, até agora conseguiu.


O clube que cometeu essa proeza, já se sabe, foi o Clube de Football «Os Belenenses», que chamou a si os seguintes campeonatos:

Divisão de Honra de Lisboa: 1.ª, 2.ª e 3.ª categorias e juniores.
Campeonato Nacional da 1ª. Divisão: 1º. lugar.
Taça de Honra: vencedor.


Quer dizer: o único título ao alcance dos representantes do Belenenses por ele não ganho foi o nacional de juniores!

Nunca se fez semelhante!

E é necessário muita capacidade, muito esforço, resistência férrea e a indispensável sorte (a sorte que favorece os campeões) para se chegar a tão larga colheita de louvores; o êxito valoriza-se portanto a si próprio.

Adversários difíceis

A circunstância, porém, de o Belenenses ter sido obrigado, frequentes vezes, a fazer valer todos os seus recursos, contra adversários da sua igualha, para obter a vitória ou não comprometer moralmente o seguimento da sua senda, mais ainda categoriza o seu triunfo, digamos, total – expressão incorrecta julgando todas as categorias em conjunto (porque os juniores falharam o seu campeonato) mas rigorosamente exacta em relação às restantes e, claro, à primeira equipa em especial. A respeito da dificuldade dos adversários, Vasco da Gama, Conimbricense, Benfica e outros concorrentes são de lembrar.


Têm assim bastante por que estarem satisfeitos os «basketistas» belenenses, os da primeira equipa, mais que os outros – e o clube, como os seus sócios.


A primeira equipa, realmente, ganhou tudo a que concorreu: os torneios oficiais, os que contam, e vários particulares, no decurso dos quais um ou outro deslize nada queria dizer. Deve ter sido estafante, menos decerto o acto de manejar a bola e jogá-la e, enfim, a equipa praticar o desporto para que está treinada, do que o trabalho do domínio, a partir de certa altura da época, para vencer nervos e a própria saturação.


Vêm a propósito alguns números, os da equipa de honra nas suas três provas:

Campeonato de Lisboa: J:14, V:12, E:00, D:02, Bolas: 524 – 399
Campeonato Nacional: J:10, V:09, E:00, D:01, Bolas: 418 – 322
Taça de Honra: J: 03, V:03, E:00, D:00, Bolas: 91 – 82
Total: J:27, V:24, E:00, D:03, Bolas: 1033 – 803

É uma colecção brilhante!

Capacidade real

Para uma equipa conseguir esta colecção, tem de possuir real capacidade. Alguns entendidos, cuja opinião respeitamos, afirmam que o «cinco» em conjunto não corresponderá a determinados pormenores, mas não negam a possibilidade de os seus componentes ainda maior rendimento conseguirem se tais exigências técnicas forem cumpridas. É pois, uma opinião valorizadora do grupo; e desafia até a ideia de que se na sua maneira de agora a equipa já conseguiu tanto – e tudo foi o que esteve ao seu alcance, na comprovação do valor relativo ao dos demais concorrentes – mais ainda pode alcançar, então, decerto, na expressão de todas as suas possibilidades como demonstrativo do seu próprio jogo. Desafia esta ideia, mas, claro, o Belenenses será primeiro a reconhecer que as outras equipas, por seu turno, também podem melhorar…”

E Ricardo Ornelas, continua tecendo considerações sobre as individualidades da equipa, saliento as suas “dissemelhanças” como mais-valia para o colectivo pela “constante possibilidade de «compensações» e de «complementos» as jogadas de ataque e defesa”:

“Esteves, em estatura; Valério e Natividade, em firmeza; Rómulo, em «calma adequada»; Seia e Cruz, em fulgor, o primeiro às vezes contrariado pela sua grande rapidez, que o faz precipitar lançamentos, e o segundo capaz de muito que parece «incrível» conseguir-se para se interceptar uma bola que se crê perdida em favor de um adversário ou para se mandar a bola ao cesto nas posições da maior dificuldade, à distância (em que é quasi único) ou debaixo do cesto em desequilíbrio claro. Afonso Domingues, esse, é um atleta perfeito ao serviço do «basketball». E isto para falar apenas em seis. O conjunto da equipa, em andamento, é vivíssimo no seu máximo. Esta amálgama resulta excelente – e proporciona belas noites de «basketball»”.

Perante tal descrição não há mais nada que mais podemos dizer?

Ao longo de mais de 85 anos, o Basquetebol Azul já teve momentos melhores e piores, em parte acompanhando a história geral do clube. Em 2008, por exemplo, foi extinta a actividade no Escalão Sénior, entretanto reiniciada. Seja como for, aqui fica o nosso palmarés nesta modalidade, em provas oficiais:

. 2 Campeonatos Nacionais
. 2 Taças de Portugal
. 1 Taça “Federação”
. 1 Liga de Verão
. 4 Campeonatos de Lisboa
. 3 Campeonatos Nacionais, em Juniores
. 3 Campeonatos Nacionais, em Juvenis
. 2 Campeonatos Nacionais, em Infantis
. 8 Campeonatos de Lisboa, em Juniores
. 4 Campeonatos de Lisboa, em Juvenis
. 5 Campeonato de Lisboa, em Infantis
. 2 Campeonato Nacionais, no Sector Feminino
. 1 Taça de Portugal, no Sector Feminino
. 7 Campeonatos de Lisboa, no Sector Feminino

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