Desde 1933, quando tinha sido Campeão de Portugal pela 3ª vez, que o Belenenses buscava voltar a ganhar uma grande competição. Foram nove anos que constituíram o nosso primeiro período de jejum; nove anos em que vários grandes jogadores (Augusto Silva, César Ramos, Alfredo Ramos, José Luís, Rodolfo Faroleiro e tantos outros) acabaram a sua carreira, enquanto emergia uma nova vaga de talentos; nove anos de grandes investimentos nas Salésias; nove anos em que, por várias vezes, os títulos se nos escaparam por uma unha negra.

Foi assim no Campeonato de Portugal de 35/36, que perdemos na final; foi assim no Campeonato Nacional de 36/37, em que fomos Vice-Campeões, a um escasso ponto do primeiro; foi assim nas Taças de Portugal de 39/40 e 40/41, em que estivemos presentes nas finais mas não vencemos; foi assim, ainda (hoje pode parecer pouco relevante mas, na altura, era uma competição de primeiríssima importância), no Campeonato de Lisboa de 1938/39, em que fomos Vice-Campeões, a um ponto do Sporting, com quem, aliás, nem sequer perdemos (3-2 nas Salésias e 2-2 no Lumiar).

Adivinhava-se, pois, um novo troféu. E, enfim, o Belenenses conquistou-o nesta Taça de Portugal de 1942. Constituiria, aliás, o primeiro de uma série importante de títulos entre 1942 e 1946: ao todo, um Campeonato Nacional, um Taça de Portugal e dois Campeonatos de Lisboa, sem falar dos muitos títulos em modalidades extra-Futebol, como Andebol, Atletismo, Basquetebol, Natação, Rugby, Ténis e Ténis de Mesa.

O percurso para a final começou de forma brilhante: o Belenenses venceu o F. C. Porto por 5-1. De resto, nessa época, os portistas passaram muito mal connosco: para o Campeonato também perderam, por 7-3 nas Salésias e por 3-2 na Constituição. Ou seja, 15-6, em 3 jogos e três vitórias do Belenenses. De resto, no Campeonato Nacional, em que foi 3º classificado, o Belenenses não poupou os seus maiores rivais: nas Salésias ganhou 4-0 ao Benfica e 3-1 ao Sporting e, Fora, ainda venceu o Sporting por 4-1.

Nos quartos-de-final, empatámos 1-1 com o Olhanense. Houve, assim, necessidade de um jogo de desempate, que o Belenenses ganhou por 3-0.

Depois, nas meias-finais, vencemos os Unidos de Lisboa por 5-0. Pode parecer um adversário fácil mas a verdade é que tinha sido 7º classificado no Campeonato da 1ª Divisão.

O nosso adversário, na final, seria o Vitória de Guimarães que, no jogo anterior, superara o Sporting.

O Belenenses apresentou-se no Lumiar com uma massiva falange de apoio que, no final, celebraria entusiasticamente o triunfo, e com o seguinte Onze:

Salvador; Simões e Feliciano; Amaro, Gomes e Serafim; Quaresma, Elói, Gilberto, José Pedro e Franklin.

Dominando o jogo, apesar da réplica digna dos vimanarenses, o Belenenses ganhou por 2-0, com golos de Artur Quaresma e Gilberto, e conquistou o troféu. Mariano Amaro – sem desprimor para ninguém, o mais mítico de todos os nossos capitães em toda a história – ergueu a taça no final da partida, para gáudio dos adeptos.

Assim, ao cabo de 4 edições da Taça de Portugal, Académica, Belenenses, Benfica e Sporting repartiam entre si os troféus. O F. C. Porto só em 1956 conquistaria a sua primeira vitória, tornando-se o 5º a fugurar na galeria dos vencedores. Entretanto, no que toca a presenças na Final, o Belenenses levava a palma, com 3, seguido do Benfica com 2 e de Sporting, V. Guimarães e Académica com 1.

Note-se que o nosso treinador era Rodolfo Faroleiro. Juntava assim esta Taça de Portugal aos títulos que, como jogador, tinha conquistado ao serviço do Belenenses: 3 Campeonatos de Portugal e 4 Campeonatos de Lisboa. É mais um nome a letras de ouro na história do Belenenses.

JMA