O ano de 1929 é, certamente, um dos mais auspiciosos da história do Belenenses.

Assim, o Belenenses realiza o seu primeiro jogo no estrangeiro. Passa a ser o clube com mais jogadores representados na Selecção Nacional de Futebol, o que manterá até 1935. Augusto Silva torna-se Capitão da Selecção Nacional. Ainda na mesma época, disputou-se o primeiro jogo nas míticas Salésias.

Em termos de títulos, fizemos a “dobradinha de então”. Assim, começámos por ganhar o Campeonato de Lisboa, repetindo a vitória de 1926. O Belenenses, que teve o melhor Ataque e a melhor Defesa, foi vencedor indiscutível – embora com menor vantagem que a que viria a registar no ano seguinte, em que voltaria a ser Campeão.

Depois, ganhámos o Campeonato de Portugal, para que garantíramos o apuramento por via da classificação no Campeonato de Lisboa. O percurso foi o seguinte, de acordo com os dados do livro de Acácio Rosa sobre a história do Belenenses de 1919 a 1960 e com uma revista do Record editada em 1996:

Em 7 de Maio de 1929, nos 1/16 de final, o Belenenses passou à fase seguinte, por falta de comparência da equipa leiriense.

Em 26 de Maio de 1929, nos 1/8 de final, vencemos o Benfica por 3-2. Este triunfo teve tanto mais mérito quanto é certo que jogámos 85 minutos reduzidos a 10 unidades, por lesão do grande Pepe (na altura, não eram permitidas substituições).

Uma semana depois, nos 1/4 de final, batemos por 3-1 o Carcavelinhos (que, no ano anterior, arrebatara o título, vencendo o Sporting na final, também por 3-1).

A meia final foi com o Vitória de Setúbal. Em 9 de Junho, registou-se um empate 1-1.

No dia seguinte, disputou-se o desempate. Dada a importância do jogo, Pepe, embora mal recuperado de uma lesão (que o afastara do “onze” no primeiro jogo), integrou a nossa equipa, ajudando ao triunfo do Belenenses por 2-0. Garantíamos, assim, a presença no jogo decisivo para definir o Campeão do nosso País.

Em 16 de Junho, jogou-se então a final. O nosso adversário era o União de Lisboa, nome que hoje pouco dirá a grande parte das pessoas, até porque se veio a fundir com o Carcavelinhos, dando origem ao Atlético Clube de Portugal. Estes clubes têm um nome respeitável no futebol nacional, mesmo se o Atlético desde 1976 que anda pelas divisões secundárias.

Sem irmos mais longe, bastará lembra, para atestar o valor do União de Lisboa, que, no seu caminho para a final, afastou sucessivamente o Beira-Mar (3-0), o Sp. Espinho (4-2), o Leça (9-0) e o Sporting (1-0).

Não admira, portanto, que a final tenha sido bastante disputada; e à vitória do Belenenses, por 2-1, deve consequentemente ser dado o merecido valor.

Nessa tarde, os bravos rapazes que envergaram a nossa camisola foram os seguintes: João Tomás; Júlio Morais e João Belo; Carlos Rodrigues, Augusto Silva e Joaquim Almeida; Alfredo Ramos, Pepe, Silva Marques, Rodolfo Faroleiro e José Luis.

Era a 4ª participação do Belenenses no Campeonato de Portugal. Só uma vez não chegáramos à final. Averbávamos 2 Campeonatos e um vice-campeonato.

E eis que, ainda nem se completara uma década da sua fundação, o Belenenses atingia a supremacia do futebol português. Belenenses e F.C.Porto eram os únicos clubes a ter conquistado o Campeonato de Portugal por 2 vezes: só que o Porto o fizera em anos mais recuados (1922 e 1925), beneficiando da ausência do Belenenses (vencedor em 1927 e 1929). O nosso clube era a potência maior daquele tempo. Sporting, Olhanense, Marítimo e Carcavelinhos tinham um Campeonato. E aí acaba a lista dos Campeões do nosso País.