José António é um símbolo da história recente do Belenenses. Sem desprimor para ninguém, foi, talvez, o último «grande capitão», continuando de algum modo, a tradição dourada de Artur José Pereira, Augusto Silva, Mariano Amaro, Vicente e tantos outros…

Nas últimas três décadas, não houve muitos momentos de celebração e conquista no Futebol do Belenenses. Mas, nos que houve, José António aparece ligado a uma grande parte deles.

Envergou a nossa camisola, como jogador, entre 1984 e 1990. Ganhou a Taça de Portugal de 1889 e, no mesmo ano, também a Taça de Honra. Como Capitão, coube-lhe receber os troféus. Esteve ainda na final do Jamor em 1986. Ficou em 3º lugar em 1988. Disputou a Tala Uefa em 87/88 e 88/89, e a Taça das Taças em 1989/1990.

Disputou 3 jogos pela Selecção Nacional. Esteve como titular na época vitória de Portugal nas Alemanha que, in extremis, nos valeu a Presença no Mundial de 1986. Para este, tal como os nossos jogadores Jorge Martins e Sobrinho, integrou os 22 convocados. Participou na vitória sobre a Inglaterra (1-9) no jogo inaugural – faz amanhã 26 anos.

O estilo sóbrio, a correcção para com os adversários, a superior capacidade de colocação em campo e o modo como comandava o sector mais recuado, no Belenenses e nos jogos que efectuou pela Selecção Nacional, eram a sua imagem de marca. Lembramo-nos saudosamente como nos últimos minutos de grandes jogos, ele orientava os restantes companheiros da defesa, indicando-lhes como se deviam posicionar e a quem marcar. Como referiu um dos seus treinadores, Henry Depireux, era um computador em campo.

Receber a notícia da sua morte foi um choque tremendo. Ninguém o esperava. Nascido a 29 de Outubro de 1957, falecia com apenas 47 anos de idade.

A morte trágica chegou inesperadamente durante um jogo de futebol com um grupo de amigos, em Carcavelos, localidade em que viveu toda a sua vida.

Quarenta minutos depois do início do jogo José António, sentindo-se indisposto, saiu. Mal se sentou no banco caiu para o lado fulminado. A assistência médica do INEM chegou apenas sete minutos depois, mas já nada havia a fazer.

José António deixara de jogar em 1991, mas sempre manteve hábitos de educação física e nunca se lhe conheceram problemas de saúde que indiciassem este inesperado desfecho para quem dedicou toda a sua vida ao Futebol.

No dia seguinte à sua morte e na sequência de um convívio de adeptos do Belenenses, foi-lhe prestada uma simbólica homenagem, sendo colocado um pequeno quadro, feito em sua memória, primeiramente na Estátua do também malogrado Pepe, no Restelo, e, mais tarde, entregue à Mãe de José António e colocada junto ao seu corpo em câmara ardente em Carcavelos.

De todos os Belenenses, José António tem a admiração e a eterna gratidão. Como dos amigos nunca nos despedimos, dizemos: Até sempre, José António!

NG + JMA