Depois de perder duas finais do Campeonato de Lisboa (a primeira, menos de um ano depois da sua fundação), depois de ter ganho, entre outros, um hoje obscuro (de fama, que não de beleza) troféu que os clubes nacionais cobiçaram como se fosse um Campeonato Nacional – a Taça Mutilados da Guerra –, o Belenenses fechou o seu primeiro septénio de existência com a conquista do seu primeiro título oficial: o Campeonato de Lisboa. E, com isso, abriu um septénio de ouro, até 1933.

Nesse mesmo ano (1926), o Belenenses, graças ao título lisboeta, conseguia garantir a sua primeira presença no Campeonato Portugal, perdendo contudo (e abandonando) a final, perante o Marítimo.

A derrota deixou inconformada a nossa equipa, que se queixou veementemente do local (Porto) para onde o jogo foi marcado (o único que declarara não aceitar, por ali haver sido anteriormente maltratada!) e da arbitragem.

Mas aquela gente, dos nossos Maiores, não era de se ficar. Queriam títulos, queriam desforra, e obtiveram-nos em todos os sentidos!

Assim, logo neste ano seguinte, lançaram-se à conquista do Campeonato de Portugal e…ganharam-no!

Para aquecer, nos 1/16 de final, disputados em 6 de Março de 1927, ganhámos 9-1 aos Leões de Santarém.

Seguiram-se os 1/8 de final, disputados em 3 de Abril, com o F. C. Porto. No ano anterior, como vimos, o Belenenses tinha sido maltratado no Porto, no recinto do F. C. Porto. Bem, havia contas a ajustar…Ganhámos por 3-2!

E vieram os 1/4 de final, no dia 3 de Maio. Coube-nos em sorte o Marítimo, o tal que nos tinha ganho no ano anterior. Com Artur José Pereira a treinador e Augusto Silva a capitão, o Belenenses só podia ir jogar com um objectivo em mira: rectificar com toda a clareza o desaire do ano anterior. Fizemo-lo, avassaladoramente: ganhámos por 8-1!

Estávamos, pois, nas meias finais. Tiveram lugar em 15 de Maio. O nosso rival, que também buscava ser Campeão de Portugal pela 1ª vez, era o Benfica – esse mesmo, cujos dirigentes haviam garantido que o Belenenses não duraria mais de três meses. Vencemos por 2-0!

E veio a final, na data que hoje se celebra. O opositor era o Vitória de Setúbal, que tinha eliminado o Sporting e o Barreirense, e que se sagrara Campeão de Lisboa na mesma época.

Era, portanto, um adversário difícil. De resto, era um autêntico tira-teimas entre os dois emblemas: nós fôramos Campeões de Lisboa em 1926, com os sadinos a serem vice-campeões; o Vitória sucedera-nos em 1927, connosco em 2º lugar.

E ganhámos! Ganhámos com clareza: 3-0! O Belenenses atingira o topo, arrebatando o seu primeiro título nacional! A festa foi imensa entre as nossas gentes!

A equipa azul de Belém alinhou com o seguinte onze: Assis; Azevedo e Marques; Joaquim de Almeida, Augusto Silva e César de Matos; Fernando António, Alfredo Ramos, Silva Marques, José Manuel Soares (Pepe) e José Luís.

Os golos foram marcados por Silva Marques (2) e Augusto Silva.

Dos nossos onze bravos, sete foram Internacionais A: César de Matos, Augusto Silva, Pepe, Alfredo Ramos, José Luís, Silva Marques e Fernando António. Joaquim de Almeida, esse, foi Internacional em Atletismo e trabalhou arduamente, dedica e heroicamente na construção das Salésias.

O Presidente da Direcção do Belenenses era João Luís Moura. Em 1929, como veremos, voltou a ser Campeão de Portugal. José Rosa (o Pai de Acácio Rosa) foi o Presidente Campeão de Portugal em 1933. Quando conquistámos o Campeonato Nacional de 1946, o Presidente era Octávio Brito (embora a época se tenha iniciado com Constantino Fernandes).

JMA