Vasco, uma das míticas Torres de Belém (juntamente com Capela e Feliciano; às vezes incluiu-se, ainda, Serafim), é uma das grandes figuras a quem os belenenses devem o maior respeito e gratidão.
Nascido em 1922, Vasco impôs-se na 1ª categoria do Belenenses em 44/45. Na época anterior, a nossa equipa fora Campeã de Lisboa, pela 5ª vez, em 1ªs categorias. Vasco jogava nas 2ªs categorias (ou Reservas) e o Belenenses foi igualmente Campeão.
Em 45/46, viveu a sua época mais brilhante. O Belenenses foi Campeão de Lisboa e Campeão Nacional. O último jogo do Campeonato Nacional, em Elvas, foi dramático. Precisávamos de ganhar à filial do Benfica – que para li enviara um treinador na semana anterior ao jogo – e, ao intervalo, perdíamos por 1-0. Parece que os grandes animadores da equipa, face a algum desânimo que se apoderava, foram justamente Vasco e Artur Quaresma.
Vasco era, sempre foi, a personificação da raça em campo. Jogador de antes quebrar que torcer, nunca se conformava. Esteve em ambos os nossos golos. No primeiro, aos 65 minutos, arrancou por ali fora, junto à linha lateral direito, passando sucessivos adversários, recuperando a bola depois de por momentos a perder e ganhando um livre. Da sua sequência, nasceu o empate, por Andrade. Aos 77 minutos, nova insistência de Vasco, a servir Quaresma, que disparou para a baliza elvense onde, junto ao poste, Rafael conformou o golo que nos deu o título. Só por isto, Vasco seria credor de todo o nosso apreço.
Embora amado, idolatrado por muitos belenenses – pelo seu carácter corajoso, enérgico, altivo, quase sobranceiro –, era um jogador polémico, a quem duras críticas eram dirigidas. Daí o seu abandono em 1949. A instâncias de dirigentes azuis – como Acácio Rosa, sempre presente –, ainda voltou mas por breve tempo.
Antes disso, porém, ainda teve tempo para ser finalista da Taça de Portugal de 1948 e para estar presente na equipa do Belenenses que inaugurou o Estádio do Real Madrid. Fez também parte da nossa equipa que, em 1945, venceu os madrilenos em Lisboa e empatou em Espanha.
Na Selecção Nacional, alinhou por 2 vezes, em 1947 e 1948, numa época em que os jogos internacionais rareavam.
Recebeu do Belenenses a Medalha de Mérito e Valor Desportivo. Até ao fim da vida manteve-se atento à vida do nosso clube, sempre ansiando pelo regresso aos tempos de glória que vivera como jogador.
JMA